Muitos dos casos de abuso ocorrem na família e por vezes o abusador é o próprio pai. Esta dualidade de papéis pode ter um impacto devastador no menino que foi abusado sexualmente. Pode provocar sentimentos complexos e contraditórios, e danos no seu desenvolvimento, nomeadamente na forma como estabelecerá futuramente as suas relações com outras pessoas.

Um dos sobreviventes, que procurou apoio da Quebrar o Silêncio, refere: «fui abusado pelo meu pai quando tinha entre 4 e 6 anos de idade. Depois de tentar suicidar-me 24 anos depois, decidi que precisava de procurar a ajuda que desde sempre senti que não merecia. Houve muita manipulação e sedução inteligente no meu abuso. Era apenas um jogo. Por isso senti que não merecia ajuda.»

Já em idade adulta, o papel de pai pode também ser um desafio difícil para muitos homens que foram vítimas de violência sexual. Para alguns, é este o motivo pelo qual procuram apoio, pois desejam estar presentes na vida dos seus filhos e serem bons cuidadores. T. refere que «quando soube que ia ser pai pensei “Não posso ser um bom pai neste estado de guerra interna” e por isso procurei apoio». M., por sua vez, indica que «estou casado com uma pessoa fantástica que precisa de mim do seu lado e que me deu uma filha linda que merece um pai em paz.»

Para lá das habituais mensagens de comemoração, o dia do pai pode esconder inúmeras situações que são desencadeadoras de dor e sentimentos dolorosos. Sabemos que a violência sexual afeta um em cada seis homens antes dos 18 anos e que na maioria dos casos o abusador é alguém próximo com uma relação de confiança com a criança, como é o caso do pai.

Se este é um dia particularmente difícil para si, queremos que saiba que não está sozinho. Se precisa de apoio contacte a Quebrar o Silêncio: apoio@quebrarosilencio.pt ou  910 846 589.