A primeira das três etapas da cerimónia deve começar por volta das 15:00 (17:00 em Lisboa), mas o público já se encontra no local, a aguardar o início do evento, sob controlo de um esquema severo de segurança.
Antes de se ter acesso a qualquer uma das áreas por onde Bolsonaro passará - o Congresso, Palácio do Planalto e Palácio do Itamaraty - cada pessoa tem de passar por três revistas, com detetores de metais. Não é permitido ao público transportar bolsas, mochilas nem mesmo água potável já que as garrafas foram proibidas.
Jair Bolsonaro torna-se Presidente do Brasil, após a assinatura, no Congresso, do termo de posse.
Em frente ao Palácio do Planalto, enquanto se espera pelo presidente, o clima é de exaltação. Os apoiantes de Bolsonaro gritam "Ele Sim", tomando como referência o 'slogan' contra o Presidente eleito, criado durante a campanha por grupos de mulheres que se manifestaram contra a candidatura de Bolsonaro.
Envoltas em bandeiras do Brasil e vestindo camisolas com a foto ou frases de Bolsonaro, milhares de pessoas gritam "mito" e palavras de ordem contra a imprensa e o Partido dos Trabalhadores (PT), que teve em Fernando Haddad o seu candidato presidencial, derrotado à segunda volta.
Paulo Britto, 43 anos, gerente de exportação e morador da cidade de São Paulo, contou à agência Lusa que veio a Brasília com a mulher e a filha especialmente para assistir à posse.
"Eu já acompanhava as ideias do Bolsonaro antes de ele ser conhecido, e durante a campanha prometi para mim mesmo que, se ele ganhasse, vinha na posse", disse.
"Fui cabo eleitoral gratuito do Bolsonaro tudo em prol do Brasil melhor. Espero que ele faça um governo melhor do que os que tivemos nos últimos 30 anos. Sem corrupção generalizada, 'aparelhamento' do Estado. Espero que ele governe para o povo", destacou.
"Quero um Governo sem ideologia de esquerda, patriótico que tenha o lema Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. A população quer mudança", acrescentou Paulo Britto.
Para o gerente de exportação, a segurança pública é a área mais importante que deve tomar a atenção de Bolsonaro. O apoiante acredita que o Presidente pode acabar com o estatuto do desarmamento, e decretar o fim da saída temporária de presos em feriados no Brasil.
"Acredito que o Governo vai conseguir aprovar propostas para a área de segurança publica e terá o apoio do Congresso", frisou.
Lina da Silva, 66 anos, artista visual, moradora de Campinas, cidade do Estado de São Paulo, disse à Lusa que "este é um facto histórico extremamente importante, de mudança política, mudança económica, mudança moral".
"É uma passagem da esquerda para direita", prosseguiu a artista de Campinas. "O Brasil é um país, atualmente, socialista de esquerda, mas o povo se cansou e Bolsonaro representa está mudança".
"Eu acho que ele deve atuar na área da Justiça. Ele escolheu o ex-juiz Sérgio Moro para comandar esta pasta porque a luta dele será contra o crime organizado e a corrupção, que estão ligados. Também espero mudanças na educação que foi destruída, assim como na cultura", continuou Lina da Silva.
"Bolsonaro não terá uma vida fácil para conseguir apoio do Congresso que está envolvido na corrupção. A pressão popular vai ser fundamental para o congresso aceitar as mudanças", disse.
Por outro lado, Lina da Silva acredita que os militares serão o fundamentais nessa nova fase do Brasil, porque eles podem atuar de forma independente do Congresso.
Dirceu Paigel, 57 anos, cabeleireiro, chegou a Brasília vindo de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, a norte do Rio de Janeiro.
"Vim porque achei uma vitória muito grande termos conseguido tirar o Partido dos Trabalhadores (PT) do poder no Brasil", disse à Lusa. "A corrupção do PT fez a população ficar muito pobre e agora esta vitória está a ser o início de um novo país. Espero que Bolsonaro combata a corrupção e gere mais emprego no Brasil. A população precisa de saúde, educação. Na prática, espera que diminua a miséria do país. A prioridade dele deve ser atacar a área de segurança pública. Há uma criminalidade muito grande no Brasil".
A concentração de pessoas vai aumentando na Praça dos Três Poderes. Com temperaturas esperadas próximas dos 30ºC, em Brasília, para a hora da tomada de posse (17:00), de acordo com a previsão meteorológica, e um sol muito forte, os bombeiros começaram a pulverizar água sobre as pessoas, por causa da temperatura.
No local, há dois postos de distribuição de água, com longas filas de espera.
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