Na década de 70, Helmut Kentler, professor de psicologia e membro da direção do Centro de Pesquisa Educacional de Berlim, decidiu começar um estudo que pretendia demonstrar que o contacto entre crianças e pedófilos era inofensivo. Para o provar, Kentler, colocou, propositadamente, durante cerca de 30 anos, crianças abandonadas, órfãs e sem-abrigo, com pais adotivos com historial de pedofilia. Tudo foi feito com o conhecimento das autoridades alemãs que, inclusivamente, chegaram a financiar o estudo com subsídios atribuídos a estas famílias.
A "experiência" só viria a público quando duas das vítimas decidiram revelar a sua história e o que deu também início à investigação levada a cabo pela Universidade de Hildesheim que, através da análise de documentos e entrevistas, conseguiu perceber que o estudo contava com uma grande rede de instituições de educação da antiga Berlim Ocidental, mas não só. A investigação universitária afirma que o Senado alemão também estava envolvido.
Segundo o que é revelado esta quinta-feira pelo Deutsche Welle, os pais adotivos eram académicos de alto estatuto, membros do Instituto Max Planck, da Universidade Livre de Berlim e da Escola Odenwald, em Hesse, que há cinco anos esteve no epicentro de um escândalo de pedofilia.
Esta não é a primeira vez que o caso é investigado. Em 2016, a Universidade de Göttingen publicou um relatório sobre a "experiência", mas as autoridades alemãs não lhe deram seguimento tendo o Senado, inclusive, sido acusado de ter falta de interesse em descobrir a verdade.
Helmut Kentler morreu em 2008. Da sua intervenção no estudo, sabe-se que mantinha o contacto regular com as crianças e pais adotivos e que dizia que estes eram especialmente carinhosos. Nunca foi acusado, sendo que quando as vítimas denunciaram o caso este já tinha prescrito.
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