"Seguramente tiveram um papel fundamental, fulcral em todo este desfecho", disse o coronel-piloto-aviador Fernando Costa, o comandante da Base Aérea (BA) N.º11, em Beja, onde o avião aterrou e cujas pistas são usadas pelo aeroporto da cidade.
Segundo o comandante, que falava numa conferência de imprensa, na BA11, os F-16 tiveram um papel fulcral porque escoltaram o avião e deram "todas as indicações" que permitiram à aeronave chegar à base porque, sem eles, "até teria dificuldade em poder aproximar-se da base e aterrar nas melhores condições".
Por outro lado, os F-16, "inclusivamente, acabaram por fazer algum papel psicológico em contacto permanente via rádio com o comandante da aeronave no sentido também de os acalmar" e para que a aterragem pudesse "chegar a bom porto", disse.
"Tudo isso foi facultado pelos F-16" da FAP, que estão em prontidão e têm uma capacidade de reação de 10 a 15 minutos, 24 horas por dia, 365 dias por ano, frisou Fernando Costa.
A aeronave Embraer E190, da companhia aérea Air Astana, do Cazaquistão, efetuou hoje à tarde, às 15:28, uma aterragem de emergência bem-sucedida numa das pistas da BA11.
O avião, escoltado por dois caças F-16 da FAP, efetuou a aterragem após declarar uma emergência, devido a uma "falha crítica nos sistemas de navegação e controlo de voo", disse à Lusa fonte aeronáutica.
O voo KZR 1388 descolou de Alverca às 13:21 e tinha como destino Minsk, capital da Bielorrúsia, mas declarou emergência pouco tempo depois de ter iniciado o voo.
Segundo o porta-voz da FAP, tenente-coronel Manuel Costa, a partir do momento em que os F-16 se aproximaram do avião, o piloto "começou a ter outras referências, de rumo, de velocidade, de altitude".
A partir daí, "houve uma alteração da intenção inicial" do piloto de amarar, primeiro no rio Tejo e depois no mar, e "toda a atenção foi colocar a aeronave em segurança em terra" e ir para a BA11, que, "era, na altura, o aeródromo que apresentava as melhores condições para isso acontecer", explicou.
"Com a chegada dos F-16, mesmo a própria postura da tripulação se alterou, acalmou, teve ali um interlocutor muito perto, que lhe servia de referência", o que "acalmou claramente o piloto" e, "a partir daí, tudo se foi desenrolando de forma a Beja ser a melhor opção", disse Manuel Costa.
O avião foi acompanhado e colocado na pista da BA11 pela parelha de F-16, que fez "um trabalho muito importante e fundamental" no sentido de permitir levar a aeronave "até ter toda uma aterragem segura", frisou.
Manuel Costa disse que a "principal razão" para a escolha da BA11 para a aterragem foi "a dimensão da pista" e os meios de assistência e socorro que tem e que "estavam todos ativados".
"A escolha teve a ver com as condições que a Base Aérea de Beja oferece em termos de pista e da própria infraestrutura aeronáutica acoplada à base aérea", disse.
As condições meteorológicas na altura em Beja, já que as de Lisboa eram "muito más", a orografia da zona e o reduzido volume de tráfego do aeroporto de Beja foram também fatores que determinaram a escolha do local para a aterragem.
Os aeroportos de Lisboa e Faro "têm volumes de tráfego completamente diferentes de Beja ao domingo", disse Manuel Costa, contando que o avião "fez várias passagens até conseguir aterrar em segurança", o que teria provocado "constrangimento" num aeroporto com maior volume de tráfego.
Por isso, "obviamente que Beja era a melhor solução".
[Notícia atualizada às 23:11]
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