A notícia de que a escola foi a melhor pública do país em 2020 (34.ª no total) é recebida com agrado por parte da diretora, Cristina Ferrão, que nota que o resultado “já se vai tornando num hábito nestes últimos tempos”.
Na direção da Escola Infanta D. Maria desde 2018, Cristina Ferrão encontrou um estabelecimento com “boas condições físicas” e um “conjunto de professores que ajuda os seus alunos a alcançarem” os resultados agora plasmados no ‘ranking’.
No entanto, a diretora aponta para o contexto familiar como uma característica determinante para a posição da escola no ranking.
Com 894 alunos e 22 turmas no secundário, esta escola está inserida numa das zonas mais nobres da cidade, a Solum, numa freguesia, que, segundo os censos de 2011, contava com cerca de metade da população com ensino superior completo (ao contrário de 15% a nível nacional).
“O ambiente familiar destes alunos é de um contexto socioeconómico agradável. São muitos os pais licenciados, com mestrado, com doutoramento, que proporcionam aos seus filhos e educandos, desde pequeninos, um contexto que os leva a ter um conjunto de objetivos e que os leva a criarem condições para mais tarde poderem entrar nos cursos que eles escolhem”, disse à agência Lusa Cristina Ferrão, notando que a maioria dos alunos fica no primeiro curso que coloca no concurso de acesso à universidade, com Medicina, Direito e Engenharia Aeroespacial a serem os mais apetecidos.
Filomena Pedroso, professora bibliotecária, chegou à escola no início do presente ano letivo e saltou-lhe logo à vista a “boa qualidade das instalações” e condições de trabalho, vindo a docente de uma escola que não foi intervencionada pela Parque Escolar.
“Temos um corpo docente muito experiente e dedicado aos seus alunos e alunos tão talentosos como motivados para construir o seu conhecimento e para corresponder aos desafios que lhes são lançados”, observou, frisando que também sente que os pais estão muito presentes, “acompanhando de perto o percurso educativo dos seus filhos”.
Maria António Martins, há cerca de oito anos docente na escola, realça que a principal diferença está nos alunos, que “têm mais objetivos, sabem o que querem, o curso que querem tirar e trabalham o mais possível para serem eles próprios a escolher o curso e não o inverso”, apoiados por um “suporte familiar mais atento”.
“Eu sou a mesma professora, preparo as aulas com os mesmos cuidados que tinha na outra escola”, constatou a docente de Física e Química, considerando que são os alunos que “fazem muita diferença”, além de uma comunidade escolar que procura ir sempre ao encontro das suas necessidades.
Camila Marques, que frequenta o 12.º ano em Economia, destaca a proximidade que sempre notou com os professores.
“A partir do momento em que ingressei nesta escola foi algo que logo senti”, realçou, e depois o próprio ambiente da escola” ajuda a atingir “os objetivos”«.
Eliana Andresen, no 12.º ano, também aponta para o “ambiente didático” presente na escola, além de ser um espaço “muito exigente, principalmente do método de estudo, com algum rigor e com alguma preocupação, em comparação com a maioria das restantes escolas”.
No entanto, Eliana, que sonha ingressar em Medicina, realça que o próprio contexto familiar dos alunos ajuda para os resultados.
Na sua turma, por exemplo, a média de notas costuma “passar os 15, 16 valores”.
“Quer queiramos quer não, um maior acesso a recursos, quer livros de apoio, quer explicações, quer computadores, é muito favorável e proporciona aos alunos muito maiores instrumentos para conseguirem estudar e obter melhores resultados”, salientou.
Para obter estes resultados no meio de uma pandemia, o apoio das famílias também “foi fulcral”, afirmou a diretora.
Aquando do primeiro confinamento, a principal preocupação da escola foi garantir que o 3.º período pudesse acontecer “o melhor e mais serenamente possível”.
“Os anos de exame regressaram em maio e preparámos a escola nesse sentido”, explicou.
Apesar dos resultados bastante positivos que a escola soma quase todos os anos nos ‘rankings’, Cristina Ferrão realça que os objetivos que movem a direção “são outros”.
“O exame é o culminar de todo um trabalho, de um processo de aprendizagem e de ensino, e o novo processo de avaliação pressupõe o aluno como um todo. Os exames nacionais são apenas um momento. Às vezes, é uma questão de sorte, mas como estão tão focados e prontos para estes momentos de tensão, acabam por se preparar bem e daí talvez estes resultados, com a ajuda dos professores, com a ajuda dos pais, com a ajuda do ambiente familiar, de tudo aquilo que têm à sua mão”, salientou.
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