Escola de Mulheres, companhia que Fernanda Lapa dirigiu desde a sua fundação, em 1995, informou que o velório da atriz e encenadora se realiza esta sexta-feira, 7 de agosto, a partir das 17h00, no espaço Escola de Mulheres [Clube Estefânia], situado na Rua Alexandre Braga, 24 A 1150-004, em Lisboa.

Foi ainda referido que a cremação terá lugar amanhã, sábado, 8 de agosto, no Centro Funerário de Cascais, em Alcabideche, às 18h00. O corpo sairá do Clube Estefânia às 16h30.

No comunicado é ainda referida a vontade da família da atriz, no que diz respeito às homenagens. "Por vontade da família apelamos a todos aqueles que queiram enviar flores, que em vez disso enviem um donativo para a família do ator, recentemente assassinado, Bruno Candé Marques", pode ler-se.

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Olga Morais Araújo

A atriz e encenadora Fernanda Lapa morreu ontem, aos 77 anos, em Cascais, onde estava hospitalizada.

"Actriz, Encenadora, Directora Artística da Escola de Mulheres e uma eterna apaixonada pelo Teatro. Desde cedo que Fernanda Lapa soube que o Teatro seria a sua vida. Começou a encenar muito nova, num meio dominado por homens e tem um vasto currículo nos palcos, na televisão e no cinema", recorda a companhia.

O seu percurso artístico iniciou-se no T.A.U.L. (Teatro dos Alunos Universitários de Lisboa) em 1962. Fernanda Lapa foi fundadora da Casa da Comédia, onde se estreou como actriz, sob a direção de Fernando Amado, na peça de Almada Negreiros "Deseja-se Mulher", em 1963. É com essa mesma peça que se estreia como encenadora, também na Casa da Comédia, em 1972.

Em 1979 obtém uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura, que a levou a frequentar a Escola Superior de Encenação de Varsóvia, onde se diplomou em Encenação.

Autora da mensagem do Dia Mundial do Teatro deste ano, a convite da Sociedade Portuguesa de Autores, Lapa defendeu que se exija um plano de desenvolvimento teatral com futuro e que se aposte na força do teatro para as transformações que a atualidade exige.

“Viva o teatro, os seus agentes e o seu público”, escreveu a atriz, encenadora e diretora da Escola de Mulheres, num texto em que explicava por que motivo se escolhe ser dramaturgo.

“Esta opção traz implícitas muitas consequências e uma delas é que o homem de teatro necessita do público de uma maneira carnal, pois o teatro é, em si mesmo, a expressão artística mais carnal de todas, uma expressão em que o verbo ou a sugestão ou a situação emocional elaborada pelo autor, tem de ser encarnada por um ator, que cada vez que a peça está no palco a diz ao vivo para um público vivo”, sustentava.

A fundação da Escola de Mulheres surgiu, em 1995, para “romper com o estado de coisas a que estavam remetidas as mulheres no teatro português”.

“Ao longo dos séculos, a voz das Mulheres foi silenciada em várias áreas, e também na Cultura, e não vale a pena escamotear esta realidade. Sofremos, ainda, as sequelas dessas mordaças, embora muito se tenha avançado, a partir do 25 de Abril em Portugal, pela luta das forças progressistas, mas sobretudo das próprias Mulheres e das suas Organizações”, afirmou.

Várias vezes premiada, Fernanda Lapa coordenou as comemorações do centenário de Bernardo Santareno, que se assinala este ano, de quem a Escola de Mulheres vai levar ao palco, em novembro, a obra “O Punho”, com versão cénica da atriz e encenadora.

"Em 2020, Fernanda Lapa quis voltar a celebrar o Autor e o seu carinho enorme pelos marginalizados, categoria em que ele próprio se inseria. Cumprindo a sua vontade, a Escola de Mulheres estreará a 19 de Novembro a versão cénica de Fernanda Lapa da obra", é referido