"Estamos a colaborar com as autoridades, de forma muito ativa e de forma muito clara e com vontade, para que tudo se esclareça", disse Fernando Medina em declarações à RTP. "É a nossa obrigação enquanto autoridade pública", assegurou, confirmando que em causa estão "oito processos, entre urbanismo e obras, alguns deles que têm já vários anos".
"A Câmara de Lisboa é das instituições mais escrutinadas que o país tem, porque, ao contrário de muitos outros organismos, tem poder e oposição dentro do executivo, tem uma Assembleia Municipal, é permanentemente auscultada, monitorizada e vigiada nos seus sistemas de informação e nas suas práticas por um conjunto grande de técnicos", adiantou.
"Estamos sujeitos muito naturalmente às auditorias do Tribunal de Constas, da Inspeção-geral de Finanças, é o trabalho natural das autoridades", disse Medina, frisando que há uma "muito especial vigilância que se prende com os poderes que o Ministério Público tem em sede de direito administrativo".
Descartando a possibilidade de um "ataque político", o presidente da Câmara Municipal de Lisboa explicou que "estes processos são de natureza diferente", alguns com "uma antiguidade grande" e que marcam "polémicas na cidade", pelo que a autarquia está interessada no "esclarecimento cabal" da situação.
"Sou o primeiro e o maior interessado em apoiar a investigação e fazer com que ela decorra com a maior rapidez possível", reforçou o autarca, que já tinha dito estar "tranquilo" face ao sucedido.
Questionado se Manuel Salgado é uma das pessoas que está a ser investigada, Fernando Medina disse que "isso foi confirmado pela própria Polícia Judiciária, no comunicado que fez".
Os oito inquéritos de investigação "correspondem a operações durante o período de trabalho do [antigo] vereador Manuel Salgado", acrescentou o presidente da Câmara de Lisboa.
Ainda segundo Fernando Medina, nenhuma pessoa visada nas investigações "ocupa hoje funções no executivo".
Instado a comentar sobre se as casas do ex-vereador do urbanismo do município Manuel Salgado e do seu filho foram alvo de buscas por agentes da PJ, Fernando Medina frisou que só respondia a questões ligadas à Câmara de Lisboa.
Buscas na Câmara de Lisboa relacionadas com suspeitas de abuso de poder e corrupção
As buscas relacionadas com a área do urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa prendem-se com suspeitas de crimes cometidos no exercício de funções públicas, inclusive abuso de poder e corrupção, anunciou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
“Estarão em causa suspeitas da prática de crimes cometidos no exercício de funções públicas, relacionados com a área do urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, nomeadamente, abuso de poder, participação económica em negócio, corrupção, prevaricação, violação de regras urbanísticas e tráfico de influências”, anunciou a PJ, em comunicado.
Designada Operação Olissipus, a ação da PJ foi realizada no âmbito de oito inquéritos dirigidos pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional de Lisboa – 1.ª Secção, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, com o apoio da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática, juntamente com Magistrados do Ministério Público.
Foram executados "28 mandados de busca, 10 buscas domiciliárias e 18 não domiciliárias, visando a recolha de documentação relacionada com suspeitas de práticas criminosas, sob investigação”.
“A ação desenvolveu-se em Lisboa, Sintra, Cascais, Caldas da Rainha e Alvor, contando com a participação de seis magistrados do Ministério Público e de 90 inspetores e peritos da Polícia Judiciária”, indicou.
As buscas foram realizadas nas instalações do Campo Grande e nos Paços do Concelho, após denúncias no âmbito de diversos processos urbanísticos, tinha anunciado em comunicado a autarquia.
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