Em entrevista à RTP3, Ferro Rodrigues explicou que acompanhou quase em tempo real as últimas negociações entre o Governo e os partidos à esquerda, para aprovar o Orçamento do Estado para 2022, garantindo que o PS "fez tudo" para que houvesse acordo.
"É muito difícil dar uma explicação racional para uma atitude que, do meu ponto de vista, é totalmente irracional. Houve um vento de insanidade política que varreu sobretudo a esquerda do hemiciclo", apontou. "Se for perguntar a todos os líderes e grupos parlamentares, ninguém queria estas eleições, neste momento".
"É de uma insanidade política total ter provocado estas eleições e só posso apontar a responsabilidade de quem votou contra [o OE2022] e esteve envolvido nas negociações, não os outros", disse.
Questionado sobre o papel do PS para aprovar o Orçamento, Ferro garantiu que o partido "fez tudo" e que é "testemunha" disso.
"Eu estive com o António Costa no meio da última negociação, a 23 de outubro, estava também presente o presidente da República. Explicou-me qual o estado em que estava a negociação e como as cedências que o Governo ia fazendo eram substituídas rapidamente por outras reivindicações — porque não havia vontade de chegar a um acordo do outro lado, foi a interpretação que eu tirei", realçou Ferro Rodrigues. "Não tenho nenhum motivo para desconfiar daquilo que o primeiro-ministro me disse em tempo real".
Sobre o facto de deixar de ser presidente da Assembleia da República, Ferro disse que "há mais vida na política além da vida partidária e da vida na AR", lembrando que esteve "10 anos seguidos na Assembleia".
"Sinto que preciso de uma pausa", apontou, garantido de seguida que teve "bastantes mais alegrias do que frustrações" na política.
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