Em conferência de imprensa para fazer o balanço dos números da covid-19 no Algarve, Ana Cristina Guerreiro adiantou que “até às 00:00 de ontem [quinta-feira]” havia “76 casos”, mas entretanto, o número subiu para 90, sendo ainda aguardados os resultados dos testes feitos hoje.

Relativamente à situação da festa ilegal, 82% dos casos são pessoas residentes no concelho de Lagos, 13% no concelho de Portimão e 5% noutros concelhos da região (Albufeira, Lagoa e Loulé).

O grupo etária mais afetado é o dos 20 aos 29 anos (31 casos), seguido do grupo dos 30 aos 39 anos (15 casos), sendo que há ainda situações no grupo dos 10 aos 19 anos (14 casos). Por fim, estão identificadas 9 crianças dos 0 aos 9 anos.

Ana Cristina Guerreiro salientou que estes são dados do cluster de Lagos e relacionados com a festa de Odiáxere. Isto é, nem todos os casos positivos estiveram na festa, nomeadamente as crianças, pois estas foram infetadas por familiares.

Foram ainda realizados 1.222 testes, numa média de 250 testes diários.

Questionada pelos jornalistas se previa uma medida mais aperta de contenção para a zona do Algarve, a responsável respondeu que "não está prevista nenhuma medida adicional mais gravosa" e aferiu que não esteve em cima da mesa a possibilidade de um cordão sanitário na região.

"Neste momento nós não estamos a equacionar [essa possibilidade] e o cenário previsível vai em sentido contrário a uma situação dessas. Consideramos que estamos numa fase de diminuição do número de casos ao longo dos dias", afirmou.

Outra pergunta colocada foi se era possível fazer uma estimativa de quantos casos positivos poderiam ainda decorrer devido ao surto de Lagos, Ana Cristina Guerreiro respondeu "uns 100". "Eu apontaria para um número próximo de 100. Mas com o risco de falhar", disse.

Questionada ainda sobre a situação da Escola Secundária Pinheiro e Rosa, em Faro, que ontem foi encerrada depois de uma funcionária ter testado positivo, a responsável indicou que o caso está identificado e que não está relacionado com o cluster de Lagos. No entanto, salientou que estão a ser realizados testes durante o dia de hoje a funcionários daquela escola.

Testes realizados a 340 funcionários da Câmara de Lagos dão negativo

Os testes realizados a 340 funcionários da Câmara Municipal de Lagos para despistar a covid-19 deram negativo, depois de um surto originado numa festa ilegal ter desencadeado uma ação de rastreio no concelho.

Em comunicado, a autarquia explica ter desencadeado uma "operação massiva de testagem" na quarta-feira, abrangendo 340 trabalhadores do município, para "descartar alguma possível ocorrência” de contágio pelo novo coronavírus.

"Os resultados destes testes foram hoje conhecidos e divulgados, sendo que todos os trabalhadores testaram negativo", lê-se na nota, que sublinha que os resultados permitem “tranquilizar a estrutura funcional e os munícipes".

Segundo a Câmara de Lagos, no distrito de Faro, gradualmente também vão sendo conhecidos os resultados dos testes realizados por várias empresas locais aos seus trabalhadores e medidas de prevenção ou mitigação adotadas, permitindo "retomar a sua atividade".

O foco de contágio teve origem numa festa de caráter ilegal ocorrida em 7 de junho, no salão de festas do clube desportivo de Odiáxere, alegadamente para festejar um aniversário.

Na festa participaram pessoas de diferentes concelhos e de várias nacionalidades, havendo infetados entre pessoas da mesma família, incluindo crianças, e também entre colegas de trabalho.

O surto já provocou a suspensão de visitas aos utentes em 24 equipamentos sociais do barlavento (oeste) algarvio, num total de 13 estruturas, entre lares de idosos, unidades de cuidados continuados, lares de jovens e de saúde mental, em oito concelhos.

Após ter sido conhecida a origem do surto, a Câmara de Lagos iniciou ações intensivas de colheitas aos trabalhadores municipais, já que existiam indícios de possíveis contactos com infetados.

(Notícia revista às 16:55 com o atualização dos números)