Apesar dessa decisão, o executivo de França garantiu que retomará a sua contribuição se “forem dados todos os requisitos de transparência e segurança” necessários.
França junta-se assim à decisão do Governo alemão e de outros países, que não irão fornecer novos fundos à UNRWA enquanto durar a investigação sobre o alegado envolvimento de alguns dos seus funcionários nas ações terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro.
“A França não prevê, atualmente, uma nova contribuição durante o primeiro semestre de 2024 e, num determinado momento, decidirá em parceria com a ONU e os principais doadores, desde que sejam cumpridos todos os requisitos de transparência e segurança”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado.
O Governo francês recordou que a contribuição de França em 2023 para a UNRWA aumentou consideravelmente, para um total de 60 milhões de euros, “tendo em conta a situação catastrófica em Gaza” desde que Israel contra-atacou na Faixa de Gaza, com uma operação militar massiva.
A este propósito, o responsável da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), Philippe Lazzarini, advertiu hoje que mais de dois milhões de habitantes de Gaza dependem da ajuda humanitária, que pode estar em causa perante a suspensão dos fundos de nove países doadores.
“Nove países suspenderam temporariamente o seu financiamento à UNRWA. Estas decisões ameaçam o nosso trabalho humanitário em curso em toda a região, incluindo e especialmente na Faixa de Gaza”, alertou Lazzarini, em comunicado.
Os Estados Unidos, o Canadá, o Reino Unido, a Alemanha, a Itália, os Países Baixos, a Suíça, a Finlândia e a Austrália anunciaram este fim de semana a suspensão do financiamento à UNRWA, depois de a agência ter rescindido os contratos de vários funcionários por alegações do seu possível envolvimento com o movimento extremista islâmico Hamas nos ataques de outubro.
“É chocante ver uma suspensão de fundos em reação a alegações contra um pequeno grupo de funcionários, especialmente tendo em conta as medidas imediatas que a UNRWA tomou ao rescindir os seus contratos e ao pedir uma investigação independente e transparente”, lamentou Lazzarini.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu uma investigação, que já está a ser conduzida pelo Gabinete de Serviços de Supervisão Interna da organização.
Israel agradeceu aos países que suspenderam o financiamento da UNRWA e apelou a que outros se juntem à ação contra a agência, que acusa de ser um “refúgio para terroristas”, enquanto o Hamas negou categoricamente que o pessoal humanitário colabore com eles em ações militares.
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