O candidato da direita às presidenciais francesas cancelou hoje uma ação de campanha e deu uma conferência de imprensa na sede da sua campanha, em Paris. Fillon considera que está a ser vítima de um "assassínio político" e assegura que não irá desistir da corrida ao Eliseu. "Não irei ceder, não me renderei e não me retirarei", acrescentou antes de dizer que só se submeterá ao veredicto das urnas, não aos dos juízes. Fillon pede aos franceses que "resistam", assim como a sua família tem feito, e afirma que só o "povo pode decidir". Aos jornalistas confirmou que foi convocado pelos juízes de instrução para ser acusado e presente ao tribunal no dia 15 de março.
François Fillon é suspeito do desvio de fundos públicos que envolvem o candidato e a sua família. Fillon terá usado dinheiro do erário público para pagar à mulher, Penelope Fillon, e aos filhos, salários por trabalhos que nunca chegaram a realizar.
Penelope Fillon terá recebido cerca de 800 mil euros, a soma total que auferiu entre os anos de 1988 a 1990 e de 1998 a 2002, como assistente parlamentar do marido. Mas os números não se ficam por aqui: Marie e Charles Fillon, ambos filhos do candidato, terão recebido uma verba total de 84 mil euros durante o período em que François Fillon foi senador, entre 2005 e 2007. Trabalharam como assistentes do pai: primeiro Marie Fillon, que chegou a auferir um total de 57 mil euros e depois o irmão Charles, que a substituiu e até julho desse ano recebeu um total de 26 mil euros brutos. O candidato admitiu que empregou a família, mas argumentou sempre que os empregos eram reais e que esta prática era legal na altura.
Durante a manhã desta quarta-feira algumas publicações francesas avançaram com a notícia de que Penelope Fillon teria sido detida, informação posteriormente dada como falsa. Michel Deléan, jornalista do jornal Mediapart, pediu mesmo desculpa na sua conta pessoal da rede social Twitter pela notícia "precipitada".
Fillon foi uma das candidaturas presidenciais mais fortes, mas perdeu força depois de estes casos serem conhecidos. O caso afetou a popularidade do candidato que foi ultrapassado pela candidata da extrema-direita Marine Le Pen e pelo centrista Emmanuel Macron, nas intenções de voto dos eleitores franceses.
França vai a votos para escolher o novo presidente dia 23 de abril.
[Notícia atualizada às 12h35]
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