Nos últimos dias, o corte de um cabo elétrico submarino no Mar Báltico despertou novamente as atenções para a existência de uma “frota-fantasma” russa.
A polícia finlandesa declarou suspeitar que o petroleiro "Eagle S", proveniente da Rússia, esteja envolvido na avaria do cabo elétrico submarino entre a Finlândia e a Estónia ocorrida na quarta-feira.
O petroleiro "Eagle S" já foi intercetado e encontra-se atualmente ao largo da costa de Porkkala, a cerca de 30 quilómetros de Helsínquia, após a intervenção de um barco-patrulha finlandês.
Segundo o The Guardian, o cabo cortado — Estlink 2 — pode levar meses para ser reparado, com uma data de conclusão estimada para agosto. E com consequências: a capacidade reduzida pode aumentar os preços da eletricidade durante o inverno.
O que é a "frota-fantasma"?
Segundo o Ocidente, a chamada "frota-fantasma" russa é constituída por navios que transportam petróleo russo e contornam as sanções impostas a Moscovo na sequência da guerra contra a Ucrânia.
Moscovo utiliza petroleiros antigos para exportar petróleo bruto e produtos petrolíferos para o estrangeiro, navios que, além de não respeitarem os habituais registos, também suscitam receios quanto ao elevado risco de catástrofes ambientais, incluindo derrames de petróleo.
Estes navios-tanque que transportam petróleo russo são uma importante fonte de financiamento para a Rússia continuar a sua guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão do país em fevereiro de 2022.
Desde então, foram já vários os incidentes ocorridos no Mar Báltico.
Os gasodutos Nord Stream, que outrora transportavam gás natural da Rússia para a Alemanha, foram danificados por explosões submarinas em setembro de 2022. As autoridades consideraram que se tratou de sabotagem e abriram um inquérito criminal.
Quais as reações a estes incidentes?
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, condenou hoje a “destruição deliberada” no Mar Báltico e prometeu ação na União Europeia (UE) contra a frota-fantasma russa.
“Condeno veementemente qualquer destruição deliberada das infraestruturas críticas da Europa. Tenciono trabalhar no sentido de reforçar a resposta e a preparação comuns da UE, incluindo o combate à frota-fantasma da Rússia”, escreveu o responsável, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
António Costa disse estar já em contacto com os primeiros-ministros da Estónia, Kristen Michal, e da Finlândia, Petteri Orpo, “para acompanhar os desenvolvimentos relacionados com o incidente com o cabo [submarino] do Mar Báltico”.
“Louvo a ação rápida e determinada das autoridades finlandesas e estónias”, adiantou o antigo primeiro-ministro português, que lidera desde o início deste mês a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado europeus.
Hoje mesmo, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) disse que iria reforçar a presença militar no Mar Báltico após o corte de um cabo elétrico submarino, perante suspeitas de sabotagem por parte da Rússia.
O secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, afirmou ainda estar em curso uma investigação “liderada pela Finlândia sobre a possível sabotagem de cabos submarinos”, manifestando “total solidariedade e apoio” a Helsínquia e a Talin.
O líder da NATO já havia dito estar pronto a apoiar a Estónia e a Finlândia, países membros da organização, no apuramento de responsabilidades.
Na quinta-feira, a União Europeia condenou "a destruição deliberada de infraestruturas" dos países do bloco comunitário, após este novo corte de um cabo submarino.
O que diz a Rússia?
Até agora, Moscovo tem vindo a negar o envolvimento em vários incidentes subaquáticos no Mar Báltico. Além disso, também destacou o facto de o incidente mais dramático — a sabotagem do gasoduto Nordstream em 2022 — estar a ser considerado como realizado por elementos ligados à Ucrânia, descartando assim a mão russa nesse caso.
*Com Lusa
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