Em declarações aos jornalistas hoje à tarde, depois de ter sido constituído arguido num processo que investiga “crimes de peculato, prevaricação, abuso de poder e falsificação de documentos", Alexandre Gaudêncio, também presidente da Câmara da Ribeira Grande, disse estar "convicto de que todas as opções" que tomou enquanto autarca "estão dentro da legalidade".
Quanto aos cargos que ocupa, não avançou a possibilidade de se demitir de presidente da Câmara: “Enquanto autarca, com certeza que é muito fácil hoje em dia ser constituído arguido, basta uma queixa anónima”.
Sobre a liderança da estrutura regional do PSD, admitiu que a questão será “analisada internamente” e deixada “à consideração” dos seus pares.
O social-democrata lamentou ainda “que estas investigações tenham como base queixas anónimas e algumas do Partido Socialista, como é público”, acrescentando que “o objetivo dessas queixas é bem evidente aos olhos das pessoas” e é o de “querer derrubar o principal líder da oposição”.
À hora a que prestou estas declarações, a Polícia Judiciária ainda fazia buscas nos Paços do Concelho, garantindo Alexandre Gaudêncio que a câmara tem “colaborado com que tudo aquilo que tem sido pedido, de forma transparente e aberta”.
A PJ dos Açores constituiu hoje "vários arguidos", entre os quais o presidente da Câmara da Ribeira Grande e também líder do PSD/Açores, numa operação por suspeitas de "crimes de peculato, prevaricação, abuso de poder e falsificação de documentos".
No âmbito da operação “Nortada”, foram feitas, esta manhã, buscas domiciliárias na Câmara da Ribeira Grande e noutras instalações municipais, “bem como num conjunto de empresas que têm relações contratuais com a câmara”, avançou o coordenador da Polícia Judiciária nos Açores, João Oliveira.
Em nota de imprensa, a polícia indicou que estiveram em curso, “nos Açores e também numa empresa do continente, cerca de dez buscas a instalações autárquicas, empresas, residências e viaturas, com vista à apreensão de elementos de interesse probatório”.
Em causa está um contrato com o artista brasileiro MC Kevinho para um concerto ocorrido em abril no município açoriano, segundo a revista Sábado.
O concerto provocou polémica na Ribeira Grande devido aos valores envolvidos: em abril, o Açoriano Oriental revelava que em causa estariam 123 mil euros entre 'cachet' e organização, aos quais se terão juntado a receita de bilheteira a favor do artista brasileiro.
A autarquia destacou, na altura, a divulgação e promoção da Ribeira Grande "a nível nacional e internacional" que a organização do concerto trouxe.
Os vereadores do PS na autarquia da ilha de São Miguel tinham também dado a indicação de que iriam "solicitar a intervenção das entidades competentes" sobre o contrato firmado com MC Kevinho.
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