O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, afirmou na terça-feira que assume o "mandato do povo" para que "a Catalunha se torne um estado independente na forma de uma república", mas propôs suspender os efeitos da declaração de independência para abrir a porta ao diálogo nas próximas semanas.
Hoje, em declarações à Cataunha Rádio e TV3, o porta-voz da Generalitat, Jordi Turull, valorizou o “gesto de diálogo sincero” de Puigdemont e defendeu que esse “tempo morto” é o “melhor investimento” para que o mandato do referendo de 1 de outubro, suspenso pelo Tribunal Constitucional, seja efetivo.
Advertiu, contudo, que esse espaço de tempo e esse gesto de diálogo não pressupõe renunciar “a absolutamente nada”, nem qualquer passo atrás no processo de independência.
Neste sentido, Turull defendeu que “não é preciso esperar semanas para saber se há uma vontade de diálogo por parte do Estado” e que hoje pode haver “a prova” de se o Executivo de Mariano Rajoy está disposto a dialogar ou não, referindo-se à reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
“Se o Governo põe em marcha o artigo 155 quer dizer que não nenhuma vontade de diálogo e o Governo, nesse caso, será consequente com o compromisso do povo catalão”, afirmou.
O artigo 155, a "bomba atómica" da Constituição espanhola, nunca usada desde que foi escrita e aprovada em 1978, permite a suspensão de uma autonomia e dá ao governo central poderes para adotar "as medidas necessárias" para repor a legalidade.
Nesse caso, esclareceu, a República Catalã seria proclamada no tempo e com a forma que fosse determinada pelo Parlamento.
O porta-voz da Generalitat também sublinhou que muitas pessoas estavam dispostas a envolver-se numa possível mediação se Puigdemont fizesse esse "gesto de diálogo”, mas não deu mais detalhes, apelando à discrição.
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