González denuncia como fraude a reeleição de Maduro para um terceiro mandato consecutivo de seis anos, e reivindica a vitória nas eleições de 28 de julho.
Maduro deve tomar posse na próxima sexta-feira (10) perante o Parlamento, controlado pelo chavismo. A oposição convocou para a véspera protestos em todo o país, que a líder opositora María Corina Machado, na clandestinidade, prometeu liderar.
"Meu genro Rafael Tudares foi sequestrado nesta manhã", publicou González na rede X. "Rafael ia para a escola dos meus netos deixá-los para o início das aulas, quando homens encapuzados e vestidos de preto o interceptaram, colocaram-no numa camionete e levaram-no. Está desaparecido", acrescentou o diplomata, 75.
"O meu marido é inocente de qualquer coisa de que possa ser acusado", declarou na Venezuela Mariana González, filha do político. "Em que momento se tornou crime ser da família de Edmundo González Urrutia?", questionou.
Uma outra filha do líder opositor mora em Espanha, onde Edmundo González Urrutia recebeu asilo político após o anúncio de mandado de prisão contra si.
As autoridades não se pronunciaram sobre a prisão de hoje, condenada no X pela embaixada dos Estados Unidos para a Venezuela, que funciona na Colômbia: "A repressão e intimidação não podem esconder a verdade." Já María Corina denunciou uma perseguição contra a sua mãe.
"Mercenários"
González viaja hoje para o Panamá, a quarta escala da sua viagem internacional antes da posse presidencial na Venezuela. Reuniu-se ontem com o presidente americano, Joe Biden, cujo governo o reconhece como "presidente eleito".
O opositor também conversou com Mike Waltz, escolhido por Trump como futuro assessor de segurança da Casa Branca, e com congressistas.
“Lá, vocês, que são escravos do império americano. Aqui, o povo que está decidido a ser livre e soberano", declarou Maduro durante um ato político no qual anunciou a captura de sete “mercenários” - dois americanos, dois colombianos e três ucranianos - que "vinham realizar ações terroristas contra a paz”, segundo o próprio.
Denúncias de planos para provocar violência costumam ser feitas pelo governo venezuelano, que acusa seus detratores de conspirarem contra Maduro com o apoio dos Estados Unidos e da Colômbia. Ontem, ele anunciou a prisão de 125 pessoas entre novembro e dezembro.
González será recebido amanhã pelo presidente do Panamá e vai se reunir com uma dezena de chanceleres latinos e 11 ex-presidentes que fazem parte do grupo de direita Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Idea), crítico de Maduro.
Os ex-presidentes procuram coordenar um avião que os leve à Venezuela juntamente com o opositor. "Vou esperá-los no aeroporto", ironizou o ministro do Interior, Diosdado Cabello. "Vão vir invadir a Venezuela? Se colocarem o pé no país vão ser presos."
O Parlamento da Venezuela declarou hoje "persona non grata" os ex-presidentes. O presidente da câmara, Jorge Rodríguez, alertou que serão tratados como invasores.
"Dias contados"
María Corina afirma que não está prevista uma posse paralela de González fora do país. "Será empossado no dia correspondente, na Venezuela", disse ontem, em entrevista à AFP.
O governo Maduro "está com os dias contados, porque esta tirania vai sair e a Venezuela vai ser livre", reiterou hoje a ex-deputada, em videoconferência. "Não posso garantir o dia ou a hora, pode ser antes, durante ou depois do 10 de janeiro, mas vai acontecer".
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