A gonorreia está a tornar-se cada vez mais resistente aos antibióticos e, no futuro, poderá não ser tratável, alertaram autoridades de saúde citadas pelo The Guardian.

Um relatório britânico revela um aumento de casos super-resistentes em Inglaterra: só no ano passado, foram diagnosticados 85.000 casos de gonorreia no Reino Unido, o número mais elevado desde que se iniciaram os registos em 1918.

Embora a grande maioria dos casos possa ser tratada, está a verificar-se um aumento do número de pessoas a quem foi diagnosticada uma estirpe resistente à ceftriaxona, o antibiótico normalmente utilizado para tratar esta infeção sexualmente transmissível. De recordar que, se não for tratada, a gonorreia pode provocar problemas de saúde graves, incluindo doença inflamatória pélvica e infertilidade.

Segundo a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA), só entre junho de 2022 e maio de 2024 foram detetados 15 casos de gonorreia resistente à ceftriaxona em Inglaterra. A maioria das pessoas afetadas estava na casa dos 20 anos, era heterossexual e adquiriu a infeção no estrangeiro, embora algumas não tivessem antecedentes de viagens.

Os diagnósticos em Portugal

Os centros de saúde vão poder fazer rastreio e diagnóstico de clamídia e gonorreia, duas das infeções sexualmente transmissíveis mais prevalentes na Europa, anunciou em abril o Ministério da Saúde.

“A introdução de dois novos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica nos cuidados primários, operacionalizada nos últimos dias pela Administração Central do Sistema de Saúde, surge associada ao alargamento aos cuidados de saúde primários do acesso a Profilaxia Pré-Exposição, uma estratégia preventiva da infeção por VIH, que implica a necessidade de rastrear também outras infeções sexualmente transmissíveis”, referia o comunicado.

As análises para pesquisa de clamídia (Chlamydia trachomatis) e gonorreia (Neisseria gonorrhoeae) podem ser feitas na Unidade Local de Saúde respetiva ou no setor convencionado.

Com a disposição destes meios de diagnóstico nos cuidados primários, ficaram criadas as condições para o alargamento do acesso à Profilaxia Pre-Exposição ao VIH (PrEP), com a comparticipação de medicamentos para o efeito, e que, apontou o Ministério da Saúde, é considerada uma medida de saúde pública fundamental na diminuição da transmissão de VIH, com vista à eliminação desta epidemia.

Esta medicação era, até agora, disponibilizada exclusivamente em consultas específicas nos hospitais, mas, com esta medida agora operacionalizada, passa a poder ser também prescrita nos cuidados primários e em consulta médica acessível em organizações de base comunitária, podendo ser dispensada nas farmácias comunitárias.

De acordo com a portaria aprovada em dezembro, foi estabelecida uma comparticipação de 69%, não podendo o seu preço ultrapassar os 40 euros mensais, com um custo até 12 euros para os utentes.

Segundo dados avançados pelo Ministério da Saúde, há, atualmente, pelo menos 4.500 pessoas no país a fazer PrEP, implementada em 2018, estimando-se que as várias medidas tenham contribuído para a diminuição de cerca de 38% de novos casos de VIH nos últimos cinco anos.