"Temos uma diversidade cultural muito grande. É importante que não deixemos esquecidas estas tradições e que, acima de tudo, as dinamizemos e valorizemos como potencial de emprego e como potencial de diversidade cultural destes territórios", salientou a secretária de Estado Ângela Ferreira em Faro, à margem da cerimónia que assinalou o 15.º aniversário da assinatura da Convenção de Faro, a Convenção-Quadro do Conselho da Europa Relativa ao Valor do Património Cultural para a Sociedade.
A criação da estratégia, cujo primeiro esboço será apresentado na terça-feira durante a segunda reunião das entidades envolvidas na futura Rede Nacional para o Património Cultural Imaterial, está a ser partilhada entre Direção-Geral do Património Cultural, direções regionais de Cultura, Comissão Nacional da UNESCO, entidades promotoras dos oito patrimónios culturais imateriais portugueses registados na UNESCO, entidades acreditadas pela UNESCO e profissionais especialistas na área do património cultural imaterial.
Fado, cante alentejano, dieta mediterrânica, falcoaria, barro de Estremoz, caretos de Podence, chocalhos alentejanos e a olaria preta de Bisalhães são os bens portugueses inscritos na Lista Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade.
O património cultural imaterial, salientou a secretária de Estado Adjunta, representa "a identidade e diversidade cultural de todo o território nacional e concorre para a coesão social e territorial, mas também para o potencial turístico, para o potencial das artes e ofícios, para o potencial dos saberes".
"Não queremos que se percam com a partida das gerações passadas, queremos que se prolonguem para as gerações futuras", frisou Ângela Ferreira sobre a relação entre esses bens e a missão da nova estratégia nacional para o setor, dividida em quatro eixos estratégicos: boa governação, comunicação, capacitação e criação de redes.
O trabalho em conjunto, com encontros regionais ou ‘workshops’, vai permitir "uma perspetiva de capacitação das equipas técnicas, mas também das pessoas que desenvolvem estas manifestações culturais", destacou a governante.
Será também criada uma campanha de sensibilização nacional para este património cultural imaterial, de forma a potenciar novas formas de financiamento destas manifestações.
"Há muitos eixos do novo Quadro Comunitário de Apoio, de 2021 a 2027, onde podemos ir buscar verbas para a promoção, divulgação e valorização deste património. Queremos focar-nos nestas ações de sensibilização para trazer também a sociedade civil e as entidades privadas para o financiamento destas práticas", acrescentou a secretária de Estado da Cultura.
A rede nacional deverá ser oficializada até final do ano e, se a pandemia de covid-19 o permitir, o Governo tenciona concretizar um encontro nacional, em 2021, com todas as entidades envolvidas.
"As reuniões têm ocorrido de forma digital, com representantes de 30 entidades. Espero que, até ao final do ano, a estratégia seja apresentada oficialmente e a rede criada, mas gostávamos de, para o ano, fazer um encontro nacional para apresentar os trabalhos até aí desenvolvidos e o que é que se perspetiva para o futuro", concluiu Ângela Ferreira.
Nas Grandes Opções do Plano para 2021-2023, o Governo já indicava que se revela “necessária a valorização do património material e imaterial nacional, do ponto de vista da atratividade dos territórios e dinamismo económico resultante da sua fruição e divulgação”, pelo que se justifica “o desenvolvimento de medidas de preservação, inovação, valorização e promoção das artes e do património nacionais”.
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