Na terça-feira, um diário israelita especializado em matérias económicas publicou informações que apontavam que a polícia israelita tinha usado o controverso software de espionagem Pegasus (um programa informático que se infiltra em telemóveis e permite ter acesso às mensagens e aos dados do utilizador), desenvolvido pela empresa israelita NSO Group, para vigiar os telefones dos líderes dos protestos contra o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, além de líderes municipais e outros cidadãos.

A polícia negou as acusações e garantiu que opera de acordo com a lei, enquanto a empresa NSO Group alegou que nunca identifica os seus clientes.

O programa informático Pegasus tem sido associado à espionagem de ativistas de direitos humanos, jornalistas e políticos de todo o mundo.

Os Estados Unidos barraram o acesso do grupo israelita a tecnologia norte-americana, alegando que os seus produtos foram usados por regimes repressivos.

O ministro israelita encarregado da polícia, Omer Barlev, disse hoje à Rádio do Exército que, depois de analisar o assunto, concluiu que a maioria das alegações “são simplesmente erróneas”.

“Não houve vigilância, não houve invasão de nenhum telefone de qualquer manifestante em nenhum protesto”, garantiu Barlev, sublinhando que tal ação “é contra a lei”.

Por seu lado, o ministro da Justiça israelita, Gideon Sa’ar, disse, numa audição parlamentar, que há uma “lacuna intransponível” entre a notícia publicada pelo jornal israelita Calcalist e as declarações da polícia, e que o procurador-geral também está a investigar as suspeitas levantadas pelo artigo.

Sa’ar adiantou que o Ministério da Justiça não conhece nenhum caso de vigilância sem autorização judicial, mas disse que era importante que este assunto fosse alvo de uma investigação independente.

Omer Barlev acrescentou que o procurador-geral pediu na terça-feira à polícia para responder formalmente aos exemplos de vigilância ilegal mencionados no artigo do jornal.

A investigação jornalística do Calcalist gerou protestos generalizados em todo o espetro político de Israel, levando os deputados a pedir investigações parlamentares formais sobre o assunto.

A especialista em privacidade digital da equipa do Instituto da Democracia de Israel, Tehilla Shwartz Altshuler, alertou hoje que, se se provar que a polícia invadiu os telefones dos cidadãos, isso constitui uma violação dos direitos básicos à privacidade, mas admitiu que a legislação sobre privacidade existente “não está preparada para lidar com a realidade de hoje” e pediu reformas.

“Israel precisa de uma legislação que seja aplicada de forma transparente e que esteja sujeita a uma supervisão clara do poder legislativo, bem como do público como um todo”, concluiu.

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