"Sem avanços nos acordos de Minsk, não faz sentido levantar sanções. Quaisquer avanços na implementação dos acordos devem ser valorizados também no plano das sanções. Foi isso que o primeiro-ministro quis dizer", disse Augusto Santos Silva, que participou hoje numa audição conjunta com o ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, pelas comissões parlamentares de Negócios Estrangeiros, de Assuntos Europeus e de Defesa Nacional sobre a implementação da estratégia global da União Europeia em matéria de segurança e defesa.
O chefe da diplomacia respondia ao deputado do PSD Duarte Marques, que questionara os dois governantes sobre declarações do primeiro-ministro, António Costa, que "defendeu o fim das sanções à Rússia, e a única razão que deu foi que eram contraproducentes".
"A Rússia colhe cada vez mais, infelizmente, muitas simpatias, dentro da União Europeia. Vários Estados-membros são hoje claramente pró-política de [Vladimir] Putin", o Presidente russo, disse Duarte Marques.
Santos Silva recordou que as sanções foram impostas pela União Europeia (UE) à Rússia na sequência da "ocupação ilegal" da Crimeia, na Ucrânia, em 2014, e "são sujeitas a uma revisão semestral".
Em outubro, no final de uma cimeira de líderes da UE, em Bruxelas, António Costa defendeu uma aposta no "diálogo e na aproximação" para restabelecer "uma boa relação de cooperação" com a Rússia, opondo-se a novas sanções, cuja eficácia é "bastante duvidosa".
"Portugal tem entendido que nós devemos passar mais para a fase da cooperação do que para a fase da sanção. As sanções, aliás, têm tido uma eficácia bastante duvidosa, e no que nos diz respeito têm sido penalizadoras de vários setores económicos. Não é nossa ambição que se mantenham as que existem, muito menos que sejam alargadas novas sanções", declarou o primeiro-ministro português.
Santos Silva referiu hoje que Portugal defende, tal como a União Europeia e a NATO, "uma relação de duplo registo" com a Rússia.
Por um lado, há uma "defesa firme dos nossos interesses e, em particular, de condenação dos atos que a Rússia empreendeu em 2014, a ocupação ilegal da Crimeia e o comportamento no conflito que grassa no leste da Ucrânia", e, por outro, procura-se "um diálogo político tão regular e permanente quanto possível, explorando interesses comuns, quer da NATO quer da Rússia, designadamente no combate ao terrorismo global", explicou.
De seguida, o ministro da Defesa disse que "ser a favor ou contra sanções, não significa ser a favor ou contra um regime", alertando para as implicações das sanções nos direitos humanos.
Os acordos de Minsk (Bielorrússia) foram assinados entre as partes em conflito - Ucrânia, Rússia e as autoproclamadas República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk (LNR) - para pôr fim à guerra no leste da Ucrânia, mas mantêm-se os conflitos no terreno.
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