Em declarações em plenário, antes e depois da rejeição em votação final do diploma, BE, PCP e Verdes acusaram o PSD e o CDS de terem recuado em relação às votações na especialidade, com o PS a criticar sociais-democratas e democratas-cristãos por terem tentado “enganar todos”.
“Não aprovámos as cláusulas da direita que servem apenas para enganar todos ao mesmo tempo, dizendo a uns que pagam tudo e dizendo aos outros que não custa nada”, criticou o socialista Porfírio Silva.
Em resposta às críticas dos partidos mais à esquerda, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, afirmou: “Nós não suportamos o PS”, numa frase que pode ter o duplo sentido de apoiar em termos parlamentares, mas também de tolerar.
Esta frase levou Porfírio Silva a acusar Negrão fazer uma “proclamação de ódio” a outro grupo parlamentar e acusou-o de não defender a sua bancada.
“O que é mais espantoso neste caso é que o senhor deputado Fernando Negrão não saiba fazer respeitar a honra não só do seu grupo parlamentar, mas deste parlamento. Como dizia o seu antecessor [Hugo Soares], Rui Rio sempre que tem uma aflição culpa o grupo parlamentar, e o seu líder vem aqui defender aqueles que o humilham”, criticou.
Na sua declaração, Fernando Negrão considerou que a votação de hoje “fez cair a máscara ao primeiro-ministro”.
“António Costa, que governa com a geringonça, quer ser a toda pressa, primeiro-ministro sem geringonça, revelando falta de sentido de Estado e de responsabilidade”, acusou.
Antes, a vice-presidente da sua bancada Margarida Mano – que coordenou esta matéria dos professores – procurou passar a ideia, sempre entre muitos apartes das bancadas à sua esquerda, que o PSD sempre foi “um partido de direitos e deveres”, não podendo aprovar uma recuperação do tempo integral dos professores sem condições financeiras.
“Estamos aqui por responsabilidade exclusiva do PS”, disse, referindo-se ao facto de o PS ter chumbado, juntamente com BE, PCP e Verdes, as normas de salvaguarda que propunham e salientando que foram os socialistas quem iniciaram o congelamento de carreiras.
Pelo BE, Joana Mortágua acusou PSD e CDS de terem feito “uma manobra de campanha eleitoral” à custa dos professores, questionando também até onde “será o PS capaz de ir na ambição desmedida pela maioria absoluta”.
“O PS fez chantagem e um ultimato à direita e PSD e CDS recuaram (…). Assunção Cristas e Rui Rio sabiam exatamente o que estavam a votar, o que não sabiam era que o Governo ia fazer chantagem”, afirmou.
A deputada do PCP Ana Mesquita fez questão de recordar declarações de Margarida Mano no final da Comissão de Educação na semana passada, que terá considerado que “o fundamental” tinha sido aprovado nessa reunião.
“Não podemos votar propostas que a pretexto de serem salvaguardas financeiras e orçamentais o que fazem é anular a concretização da contagem integral”, justificou a deputada comunista.
Na mesma linha, Heloísa Apolónia, pelo Partido Ecologista “Os Verdes”, acusou igualmente Margarida Mano de tentar “fazer um apagão” do que disse em Comissão.
“Estava tudo assente, o primeiro-ministro fez uma ameaça, uma chantagem (…) por estratégia eleitoral e isso não é leal e correto. Qual foi a resposta do PSD e do CDS? Virar o bico ao prego. É uma traição aos professores e aos outros corpos especiais”, acusou.
Porfírio Silva voltou a centrar as críticas em Margarida Mano, dizendo que a vice-presidente da bancada do PSD, no final da Comissão, se orgulhou de o PSD ter tido “um papel fundamental”, depois de “uma concertação telefónica permanente” com Rui Rio.
“Entendemos todos para que servem estas cláusulas, se Rui Rio fosse Governo seriam a desculpa de mau pagador para desonrar o que votaram aqui. Sendo PS o Governo, servirão para Rui Rio continuar a alimentar tensão laboral na escola pública”, criticou, acrescentando que o PS “não alimenta quimeras”.
Pelo CDS, Ana Rita Bessa, que coordenou o processo na Comissão de Educação, repetiu por diversas vezes que “a proposta do CDS é conhecida há dois anos”.
“A rejeição da proposta do CDS é escolher entre duas irresponsabilidades: a demagógica do BE e do PCP, que acham possível prometer tudo a todos, ou a hipocrisia do PS, que sabendo que as carreiras como estão não são sustentáveis, não teve coragem de negociar a sua revisão”, criticou, salientando que os dois períodos de congelamento do tempo de serviço dos professores foi determinado por governos socialistas liderados por José Sócrates.
(Notícia atualizada às 13h43)
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