“A curto prazo, vamos ter um conjunto de medidas, que vamos apresentar, no sentido de melhorar os dados e a estatística” da sinistralidade rodoviária, afirmou o governante, que participou hoje, em Évora, na cerimónia nacional do Dia Mundial em Memória das Vítimas na Estrada.
Segundo o secretário de Estado, a sinistralidade rodoviária “é algo que preocupa qualquer cidadão” e cujos números assolam Portugal “ao longo de muitos anos” e, apesar de o país estar em linha com a média europeia, são “ainda muito preocupantes”.
“Gostaríamos muito de atingir o número zero de vítimas” na estrada e “esse objetivo tem que estar sempre presente como meta limite”, mas há toda “uma cultura de segurança e de prevenção que, infelizmente, ainda não existe bem enraizada na sociedade portuguesa”, admitiu.
Os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) mostram que, entre 01 de janeiro e 15 de novembro deste ano, face ao mesmo período de 2016, ocorreram mais acidentes nas estradas, provocando o aumento do número de mortos e também de feridos, quer graves quer ligeiros.
No total, comparando os dois períodos, verificaram-se mais 1.786 sinistros rodoviários (112.467 em 2017 face a 110.681 em 2016), que causaram mais 50 vítimas mortais (438 este ano, quando, no ano anterior, tinham ocorrido 388 mortes).
O número de feridos graves passou de 1.865 no ano passado para 1.975 este ano (mais 110), enquanto o número de feridos leves cresceu de 34.106 para 35.993 (mais 1.887).
Questionado sobre os números “mais negros” deste ano, o secretário de Estado da Proteção Civil reconheceu o agravamento, mas salientou que os últimos dados já apontam, novamente, para que Portugal encontre “o caminho de descida” que vinha “seguindo ao longo dos últimos anos”.
“Há ainda muito a fazer” para a redução da sinistralidade rodoviária, assinalou, realçando também que, no âmbito dos acidentes mortais, há “um dado claro”, que aponta para os sinistros com motos, “em particular das de grandes cilindradas” e na faixa etária “entre os 45 e os 50 anos”.
Por isso, vai ser lançada, brevemente, uma “ampla campanha” de sensibilização especialmente dirigida aos condutores de motociclos e nos distritos mais afetados por este tipo de acidentes, relevou José Artur Neves, sem divulgar mais pormenores sobre esta matéria.
O governante atribuiu ainda o aumento do número de acidentes rodoviários à “evolução económica” do país, já que o “consumo de gasóleo aumentou” e “houve mais tráfego nas estradas”, embora tenha frisado que “isso não é desculpa” para haver mais mortalidade.
Também presente na cerimónia em Évora, o presidente da ANSR, Jorge Jacob, considerou “indiscutível” o agravamento dos números da sinistralidade rodoviária, muito devido aos acidentes ocorridos “em março/abril” e cuja tendência se manteve até agosto.
“A partir daí regressámos aos números normais, portanto, em setembro/outubro, os números que temos são idênticos ou quase aos do ano anterior”, disse, indicando que, caso não se verifiquem “grandes acidentes em novembro e dezembro”, 2017 vai fechar com “um agravamento” face a 2016, mas “não tão significativo como se poderia esperar”.
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