“O Estado não pode ser o primeiro patrão a pagar mal e a dar um mau exemplo ao setor privado” e “tem de pagar justamente” aos trabalhadores, afirmou a deputada Joana Mortágua, minutos depois das 15:00, quando a manifestação sair do Marquês de Pombal para o Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa.
A deputada bloquista defendeu que, após dez anos de perda e cortes salariais, o Governo do PS deveria dar “um sinal à função pública” no Orçamento do Estado de 2020 (OE2020).
Questionado sobre quais seriam valores justos de aumento, Joana Mortágua afirmou: “Depois de uma década de perda de poder de compra achamos que era preciso recuperar alguma coisa, acima de 0,3% [proposto pelo executivo], mas sempre em sede de negociação sindical.”
Segundo a dirigente bloquista, "todos os aumentos salariais devem começar por compensar a perda de poder de compra", ou seja, "no mínimo, teriam de começar pelo aumento da inflação".
A deputada do BE criticou a proposta “de 0,3% de aumento”, alertando que, a manter-se a situação, “continua a haver uma perda de poder de compra real” dos trabalhadores.
O Bloco justificou ainda a sua presença na manifestação – com Joana Mortágua, João Vasconcelos (deputados) e Manuel Grilo, vereador na câmara de Lisboa – como um gesto de solidariedade com os trabalhadores.
“Sem eles, os serviços não funcionavam”, afirmou a deputada.
A manifestação coincide com a greve greve nacional da função pública, a primeira desde que o atual Governo liderado por António Costa tomou posse, em outubro, e acontece a menos de uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), marcada para 06 de fevereiro.
Os sindicatos, da CGTP e da UGT, contestam a proposta de 0,3% de aumentos salariais para este ano apresentada pelo Governo, que consideram "ofensiva" após dez anos de congelamento, e a forma como o processo negocial decorreu.
O Governo voltou a chamar as organizações sindicais para uma reunião dia 10 de fevereiro, quatro dias após a votação final global do OE2020.
Além de aumentos salariais "dignos", as estruturas sindicais reclamam a correção da Tabela Remuneratória Única, a revisão do sistema de avaliação de desempenho e o alargamento da ADSE aos trabalhadores em regime de contrato individual de trabalho do Estado aos trabalhadores precários que foram regularizados.
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