“Ainda não temos os dados todos, mas os dados que já nos chegaram são de que há muitas empresas com unidades de laboração paradas por adesão dos trabalhadores à greve” disse o coordenador da FESHAT – Federação dos Sindicatos da Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal, Luís Trindade, à agência Lusa.
O responsável falava à margem da concentração de 30 trabalhadores da fábrica European Seafood Investiment Portugal (ESIP), do grupo multinacional tailandês Thai Union, em Peniche, no distrito de Leiria.
Contactada pela Lusa, a Associação Nacional dos Industriais das Conservas de Peixe não facultou até agora dados da adesão à greve.
Naquela empresa, com mais de 800 trabalhadores, a adesão foi de cerca de 20%, parando “algumas linhas de produção”, apontou Mariana Rocha, trabalhadora e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB).
“É justo e necessário o aumento do salário”, “mais salário e menos horário”, “35 horas para todos sem demoras”, “isto não pode ser sempre os mesmos a empobrecer” foram algumas das frases entoadas pelos trabalhadores em protesto.
Os trabalhadores contestam a “redução de direitos” na proposta apresentada pelos patrões a exigir a aplicação de banco de horas, o alargamento dos limites da jornada de trabalho diária e a imposição de mais tarefas pelo mesmo salário mínimo nacional.
Na mediação do conflito laboral, a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho propôs um aumento de dois euros ao salário mínimo nacional que auferem e do subsídio de alimentação para seis euros (na ESIP o valor atual é de 3,70 euros).
Os sindicatos não vão aceitar, adiantou o coordenador da FESAHT.
“Os trabalhadores estão firmes por conseguir aumentos salariais porque têm as suas dificuldades com habitação, na educação dos filhos e até nos bens de primeira necessidade”, justificou.
O secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, que se juntou à concentração, defendeu que “a luta é muito justa” e a “proposta é indecente” quando se assiste “ao aumento do custo de vida”, num setor em que as empresas “não valorizam os trabalhadores pelo salário” e querem o lucro à custa da exploração dos trabalhadores”, por via da desregulação dos horários de trabalho.
Luís Trindade explicou que os trabalhadores do setor auferem o salário mínimo nacional e 90% são mulheres.
“Querem impor a desregulação dos horários de trabalho para terem os trabalhadores disponíveis a qualquer hora e estas medidas vinham trazer transtorno na conciliação da vida familiar com o trabalho e isso não aceitamos”, defendeu.
O setor possui cerca de 4.300 trabalhadores de mais de 20 empresas.
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