Por esta altura do ano o cenário repete-se à porta de várias escolas dos mais novos. As crianças, depois das férias, não querem voltar para a escola, outros vão para a escola pela primeira vez e têm medo do desconhecido. Sair dos colos é um drama e há choro da parte deles e apreensão da parte dos pais e encarregados de educação. É exatamente este um dos problemas que a app portuguesa Growappy acredita poder ajudar a resolver, criança a criança.

Pela mão de três engenheiros informáticos, que se conheceram no tempo da faculdade, surge a app que usa a Inteligência Artificial para facilitar o percurso das crianças na escola. Nuno Gomes, Tiago Vidigal e Hélder Marques conheceram-se no Instituto Superior Técnico, onde fizeram licenciatura e mestrado juntos, e depois tiveram os três a mesma primeira experiência profissional. Além da amizade terão agora a Growappy a ligá-los para a vida.

"A growaapy surge depois de nos termos tornado pais. Eu fui o primeiro a ser pai  e surgiu essa necessidade de ter uma maior aproximação com a escola do meu filho. À data ainda não havia nenhum sistema de comunicação tal como eu o preconizava, e foi assim que nasceu." Nuno Gomes começa por contar ao SAPO24 a história de como foi pai duas vezes. "A growappy acaba por me ocupar tanto tempo quanto o meu filho."

Se hoje já várias escolas usam aplicações para estar em contacto com os pais a Growappy, que está em mais de 200 escolas em Portugal e noutras em Itália, Venezuela, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Camarões, continua a achar que a sua oferta é diferenciadora. Focando-se o fundador Nuno Gomes em dois factores "distintivos e inovadores", "o primeiro é a privacidade dos dados inseridos na plataforma. Por exemplo, quando o educador de infância quer tirar fotografias e enviar para as famílias a nossa plataforma identifica automaticamente cada criança e essas fotografias são enviadas diretamente para os respetivos familiares associados. As famílias vão recebendo as informações relativas apenas aos seus educandos. Vão recebendo uma informação personalizada. Além disso, nas fotografias de grupo os pais podem decidir que os filhos apareçam desfocados para as outras famílias. Protegendo assim a privacidade e respeitando o Regimento Geral de Proteção de Dados por parte da escola."

Isto só é possível porque a plataforma é "potenciada com Inteligência Artificial" e através desse recurso consegue criar mecanismos personalizados para lidar com cada criança nas mais diferentes situações do dia-a-dia. Um assistente virtual, especializado na área da educação, está treinado para responder a perguntas que envolvam o dia-a-dia da criança. Nuno Gomes foca-se nos exemplos para traduzir a linguagem científica, "por exemplo, um educador recebe de forma personalizada sugestões de ativade para cada criança específica. Temos também uma vertente emocional muito importante. Neste início de aulas, às vezes as crianças passam por um momento emocional muito intenso. Choram muito no momento de separação das famílias quando entram na escola, entre outras situações. A plataforma sugere de forma personalizada aos educadores o que é que podem fazer com aquelas crianças. Que tipo de ação podem fazer para melhorar a vertente emocional daquelas crianças."

A app que está a usar o modelo GPT-3.5-Turbo da OpenAI, responsável pelo ChatGPT,  funciona de forma simples. Diariamente são recolhidos vários indicadores de cada criança e inseridos na app e, explica Nuno, "com base nas rotinas diárias, através de modelos de Inteligência Artificial, são trabalhadas estas informações. Conseguimos retirar determinados padrões. Estes padrões são trabalhados e através de uma parceria com a OpenAI conseguimos traduzir esses padrões para linguagem humana, o que nos permite criar estas sugestões para os profissionais de educação".

Depois deste passo, a app entrega aos educadores sugestões personalizadas para lidar com cada criança. A preocupação não é só que sejam tecnologicamente muito avançandos, o foco na criança e nos modelos pedagógicos aplicados continuam a ser o centro das atenções. Assim, trabalham com alguns especialistas em psicologia, educação infantil e ensino que "nos ajudam a trabalhar esta informação para nos certificarmos que, de facto, esta informação é válida e útil para os profissionais de educação."

Se esta app pode parecer uma ferramenta muito valiosa também para a educação doméstica Nuno Gomes afasta essa possibilidade,  "neste momento o nosso consumidor final são as escolas, são as escolas que alimentam a Growappy. Para já é assim o nosso modelo de negocio: os nossos utilizadores são os profissionais de educação, mas também as famílias que recebem diariamente informações sobre os seus educandos".

Depois de terem sido escolhidos como o “Melhor Projeto de Transformação Digital”, pelo Portugal Digital Awards, o próximo objetivo é continuar a expandir em termos nacionais, mas serem mais proativos na conquista do mercado internacional.

Por fim, Nuno resume "a nossa grande missão é que os pais possam ter uma grande intervenção no dia-a-dia dos seus filhos. Um contacto direto."