O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) referiu à agência Lusa que a greve, que se prolonga até às 24:00 de quinta-feira, visa protestar contra o facto de "nada ter sido feito para melhorar a segurança" da cadeia desde a evasão dos três reclusos, dois chilenos e um português, o último dos quais ainda a monte.
Jorge Alves indicou que o canavial que existe junto à prisão, que não é cortado há muito tempo e que poderá ter ter facilitado a fuga daqueles reclusos, continua por cortar, apesar de nos últimos dias terem ido ao local elementos da proteção civil.
Quanto à deficiência das luzes em redor do estabelecimento prisional, outros dos aspetos de segurança a corrigir e a melhorar, também não está resolvido.
O presidente do SNCGP revelou ainda que o sistema de rádio "não foi ainda implementado" na prisão e que as câmaras de videovigilância, que estão "prometidas e orçamentadas", continuam atrasadas e sem data de instalação.
Resolvida está, porém, a situação da torre 6, de vigilância, que foi ativada a semana passada, melhorando assim a segurança da cadeia.
Além das questões de segurança, os guardas prisionais de Caxias queixam-se da falta de condições de trabalho e alojamento, devido ao mau estado das camaratas, com humidade e colchões que não são substituídos há 20 e 30 anos.
Jorge Alves reconheceu, contudo, que algumas alterações recentemente introduzidas pelo diretor da cadeia, designadamente nos critérios de visita aos reclusos, foram bem acolhidas pelos guardas, porque o anterior sistema estava em desconformidade com a lei.
A 08 de março último, o SNCGP realizou uma vigília diante da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) em protesto contra as declarações do diretor-geral dos serviços prisionais, Celso Manata, sobre a fuga de reclusos da cadeia de Caxias.
As declarações de Celso Manata ao semanário Expresso, em 25 de fevereiro, causaram mal-estar entre os guardas prisionais porque, conforme Jorge Alves explicou na altura, "só apontava para as hipóteses de a fuga ter sido possível por ter havido corrupção, dolo ou negligência dos guardas” do Estabelecimento Prisional (EP) de Caxias, em Oeiras.
Os três reclusos fugiram através da janela da cela que ocupavam, tendo dois sido capturados em Espanha. O fugitivo português continua fugido das autoridades.
A fuga resultou na instauração de um processo de averiguações, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção-Geral e a PJ também está a investigar o caso.
Nos últimos cinco anos fugiram 52 reclusos das cadeias portuguesas.
Comentários