Ao longo do último ano, a população prisional francesa aumentou em 6.000 reclusos, elevando a taxa de ocupação para 133,7%.

O excesso de lotação atingiu níveis tão elevados que 23 dos 186 estabelecimentos prisionais em França estão a operar com mais do dobro da sua capacidade.

O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, que classificou a crise de sobrelotação como “inaceitável”, sugeriu a construção de novos estabelecimentos para acomodar a crescente população prisional.

O ministro, conhecido pela sua postura dura, anunciou em meados de maio um plano para construir uma prisão de alta segurança na Guiana Francesa — um território ultramarino situado a norte do Brasil — destinada aos criminosos mais “perigosos”, incluindo chefes do narcotráfico.

A sobrelotação prisional é “má para absolutamente todos”, afirmou Darmanin no final de abril, referindo-se às “condições deploráveis” para os detidos e à “insegurança e violência” enfrentadas pelos guardas prisionais.

Uma série de ataques coordenados contra prisões francesas em abril incluiu incêndios em viaturas, disparos de armas automáticas contra a entrada de um estabelecimento prisional e inscrições misteriosas deixadas no local.

Os ataques causaram embaraço ao governo de direita, cujos ministros com discurso firme — Darmanin e o ministro do Interior, Bruno Retailleau — prometeram intensificar o combate ao narcotráfico.

No final de abril, os deputados aprovaram uma nova e importante proposta de lei para combater o crime ligado à droga, prevendo que alguns dos mais perigosos traficantes de droga de França fiquem detidos em unidades prisionais de alta segurança nos próximos meses.

França está entre os países da Europa com piores níveis de sobrelotação prisional, ocupando o terceiro lugar atrás de Chipre e Roménia, segundo um estudo do Conselho da Europa publicado em junho de 2024.