Umaro Sissoco Embaló fez estas declarações aos jornalistas à saída de uma breve presença na reunião do Conselho de Ministros do novo Governo, por si investido na passada sexta-feira e que é liderado por Nuno Nabian.
Na terça-feira, os eurodeputados socialistas portugueses Carlos Zorrinho e Isabel Santos e a espanhola Iratxe García Pérez solicitaram, ao chefe da diplomacia europeia, que preste "atenção especial" à "anarquia política" na Guiné-Bissau e considere a possibilidade de sanções.
Em carta dirigida a Josep Borrell, à qual a Lusa teve acesso, Zorrinho, enquanto presidente da delegação do Parlamento Europeu à Assembleia Parlamentar Paritária África-Caraíbas-Pacífico/UE, Isabel Santos, coordenadora dos socialistas europeus no subcomité dos Direitos Humanos, e Iratxe García Pérez, presidente do grupo parlamentar socialista, sublinham que os acontecimentos na Guiné-Bissau constituem "uma ameaça real ao Estado de direito democrático, que está a minar a paz e a estabilidade no país”.
"Isso é conversa deles. A Guiné-Bissau é um país da sociedade das nações. Não se esqueçam que nós não fazemos parte do continente europeu, nós estamos em África", assinalou Sissoco Embaló, quando confrontado com a posição dos eurodeputados.
Embaló acrescentou que a Guiné-Bissau "é apenas parceira" da União Europeia e que qualquer posição a ser tomada terá de passar, antes pelas organizações africanas, até chegar às Nações Unidas, se for o caso.
Observou que na mesma lógica, os deputados da Guiné-Bissau "também podem escrever ao comissário de Assuntos Políticos da União Africana a pedir sanções para qualquer membro da União Europeia".
Quanto à possibilidade de sofrer sanções por parte da União Europeia, Umaro Sissoco Embaló defendeu ser extemporânea, frisou ter sido eleito pelo povo guineense e que a Guiné-Bissau "não é uma República das bananas".
"Eu não fui eleito pelo povo senegalês, angolano, português, francês ou chinês. Fui eleito pelos guineenses. Eu sou Presidente da Guiné-Bissau", sublinhou Sissoco Embaló, vincando não existir "Presidente pequeno ou Estado pequeno" no concerto das Nações.
A Guiné-Bissau vive desde a semana passada um novo momento de tensão política, iniciado com a decisão de Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das presidenciais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), de tomar posse como Presidente do país, enquanto decorre um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça apresentado por Domingos Simões Pereira, que alega irregularidades graves no processo.
Na sequência da tomada de posse, Umaro Sissoco Embaló demitiu Aristides Gomes, que lidera o Governo que saiu das legislativas e que tem a maioria no parlamento do país, e nomeou Nuno Nabian para o cargo.
Após estas decisões, os militares guineenses ocuparam e encerraram as instituições do Estado guineense, impedindo Aristides Gomes e o seu Governo de continuar em funções.
Mediadora da crise guineense, a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) voltou a ameaçar impor sanções a quem atente contra a ordem constitucional estabelecida na Guiné-Bissau e acusou os militares de se imiscuírem nos assuntos políticos.
As Nações Unidas, a União Europeia e a Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apelaram ao diálogo e à resolução da crise política com base no cumprimento das leis e da Constituição do país.
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