Numa declaração citada pelas agências internacionais, António Guterres frisou que caso se confirme o uso de armas químicas, tal situação representa uma violação do Direito Internacional.
Ativistas da oposição síria afirmaram que pelo menos 40 pessoas, entre as quais várias crianças, morreram no sábado à noite na sequência de um aparente ataque químico contra Douma, o último bastião rebelde em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco.
Segundo a organização não-governamental “Capacetes Brancos”, dedicada ao resgate de vítimas das zonas sob controlo dos rebeldes, o alegado ataque químico foi conduzido pelas forças do regime do Presidente Bashar al-Assad.
“Qualquer uso confirmado de armas químicas, não importa qual seja a fação do conflito e as circunstâncias, é hediondo e uma violação flagrante do Direito Internacional”, declarou Guterres.
“A gravidade das recentes alegações exige uma investigação profunda, com uma análise imparcial, independente e profissional”, acrescentou o secretário-geral das Nações Unidas, numa referência a uma investigação conduzida pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), com acesso irrestrito para os investigadores internacionais.
Entretanto, a partir de Genebra, várias organizações da ONU, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), afirmaram que, apesar das informações recebidas sobre o presumível ataque químico em Douma, não podem verificar tais dados por falta de acesso à zona afetada.
O porta-voz do OCHA, Jens Laerke, lembrou que as agências da ONU “não estão em Douma”.
“Ghouta Oriental ainda está sitiado. Estamos em zonas fora de Ghouta Oriental, onde temos acesso”, referiu o mesmo porta-voz, observando que existe “um mecanismo para tentar investigar o que aconteceu”.
Os Estados Unidos — que anunciaram que vão tomar em breve uma decisão perante os recentes acontecimentos – propuseram na segunda-feira durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU uma resolução que prevê a criação de um novo mecanismo internacional que determine os responsáveis pelo uso de armas químicas na Síria.
Tanto Damasco como Moscovo, o aliado tradicional do regime sírio, negaram a utilização de armas químicas em Douma.
A Síria, que entrou no oitavo ano de guerra, vive um drama humanitário perante um conflito que já fez pelo menos 511 mil mortos, incluindo 350 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos ‘jihadistas’, e várias frentes de combate.
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