Nos últimos dois anos, as imagens de guerra que nos chegam diariamente sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, e nesta última semana, entre Israel e o grupo militante Hamas, dão a impressão que só existem estes dois conflitos no mundo. As declarações do presidente da República esta tarde em Vouzela, reforçam essa impressão.
Questionado pelos jornalistas se o mundo aguenta duas guerras em simultâneo, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou-se levar pela rasteira e respondeu que “sim, mas com custos muito elevados”.
“O mundo aguenta? Aguenta, mas isso significa custos muito elevados, custos sobretudo muito elevados para os mais pobres”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que, em guerras como a da Ucrânia ou de Israel, “sofrem sempre mais aqueles que menos têm”, sejam pessoas, regiões, Estados ou continentes, disse o presidente em declarações aos jornalistas no final de uma homenagem às vítimas dos incêndios de outubro de 2017.
Na verdade, o mundo tem atualmente inúmeros conflitos armados ativos. Desde guerras civis a insurgências terroristas.
De acordo com o World Population Review, 17 países são alvo de insurgências terroristas. Pelo menos nove enfrentam uma guerra civil: Líbia, República Centro Africana, Etiópia, Somália, Iémen, Mali, Afeganistão, Síria e Myanmar.
É certo que os dois referidos conflitos têm deixado o mundo alerta não só pela constante ameaça nuclear ( Rússia e EUA) como também pelas potências direta ou indiretamente envolvidas (China, Irão, UE, Turquia) e ainda, pelas consequências económicas que inevitavelmente se propagam a nível planetário (crise energética, crise alimentar).
Mas ignorar que existem outras guerras no mundo, é reforçar a velha visão eurocêntrica que coloca(va) a Europa no centro da história.
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