Em conferência de imprensa no parlamento, Paulo Raimundo foi questionado sobre a decisão do Governo, anunciada este domingo pelo líder do CDS, Nuno Melo, de criar uma comissão para a comemoração dos 50 anos do 25 de Novembro, em 2025.
“Há alguns – não quer dizer que seja a proposta do Governo, não é isso – que querem comemorar o 25 de Novembro não por aquilo que ele foi, mas por aquilo que gostariam que tivesse sido. E o que gostariam que tivesse sido era o fim do regime democrático e, inclusive, por arrastamento, o fim do PCP”, afirmou.
No entanto, prosseguiu o líder comunista, o 25 de Novembro “não foi uma coisa nem outra, independentemente da vontade” de alguns.
“Eu gosto sempre de sublinhar que, a seguir ao 25 de Novembro de 1975, veio uma data que se chama 02 de Abril de 1976, que consagrou uma coisa que se chama Constituição da República Portuguesa, com os conteúdos aprovados que não têm nada a ver com os objetivos desses que querem comemorar o 25 de Novembro”, afirmou.
Reconhecendo que o 25 de Novembro é uma “data importante” – que comportou “retrocessos do ponto de vista do processo revolucionário que estava em curso”, e que “andou para trás” -, Paulo Raimundo salientou que as tentativas de operações militares atribuídas à “contrarrevolução” de 28 de setembro e 11 de março também o são.
“Vamos comemorar agora o 11 de Março e as nacionalizações? Vamos comemorar o 28 de Setembro como a grande tentativa do golpe da direita no país, contrarrevolucionário? Vamos fazer isso tudo? Isso está nas opções de cada um”, afirmou.
O secretário-geral do PCP reiterou que o 25 de Novembro “não foi aquilo que alguns mentores queriam que fosse” e salientou que, daqui a dois anos, se vão assinalar os 50 anos da Constituição, desafiando todos a revisitar “o que foi escrito, afirmado, os objetivos que cada um proclamava na altura, e depois o processo que se desenvolveu”.
Paulo Raimundo sublinhou ainda que não tem “nenhuma dúvida” de que as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se estão a assinalar agora, vão ter “uma massiva, expressiva e significativa dimensão” em todo o país.
“Será a grande resposta na afirmação de Abril, dos valores, do projeto, daquilo que é preciso retomar e não daquilo que foi interrompido”, afirmou.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado se o PCP vai votar contra a proposta do Governo sobre IRS, tendo respondido que o partido não poderá acompanhar essa iniciativa.
Está “embrulhada na propaganda, numa mistificação e, como nós estamos fartos de dizer, o Governo está a fazer todo este folhetim em torno do chamado choque fiscal no IRS, mas o que tem em vista, de forma significativa, é o IRC e a derrama”, salientou.
Paulo Raimundo recordou que o partido apresentou, esta segunda-feira, um projeto de lei que baixa o IRS para os primeiros escalões e aumenta a tributação sobre o capital e o património, considerando que tem a vantagem de representar um alívio fiscal “para a grande maioria de quem trabalha” e de aumentar, simultaneamente, a receita do Estado.
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