“Afirmámo-nos como única alternativa ideológica ao socialismo. Mas também nos afirmámos como única alternativa capaz de trazer soluções concretas para os problemas das pessoas. Soluções testadas, soluções diferentes”, defendeu João Cotrim Figueiredo no discurso de abertura da VII Convenção da IL.
Para o ainda líder da IL, o partido ganhou credibilidade política, “algo tão difícil de conquistar, mas tão fácil de perder”, e que considerou “essencial para continuar a crescer e a merecer a confiança de cada vez mais portugueses”.
“E é por perceber que é a Iniciativa Liberal que faz a oposição mais inteligente e eficaz que o PS e António Costa tanto se irritam connosco. É boa altura para dizer aqui ao primeiro-ministro que a Iniciativa Liberal aqui está para lhe continuar a dar motivos para se irritar: habitue-se!”, apelou, numa alusão à frase utilizada pelo primeiro-ministro numa entrevista à Visão para se referir à oposição.
Numa intervenção muito aplaudida — e que começou uma hora e 45 minutos depois do previsto -, Cotrim Figueiredo defendeu que a IL “veio abanar o sistema partidário e o debate político” e também irrita os seus adversários com o seu mote: “o liberalismo funciona e faz falta a Portugal”.
"Crescemos e afirmámo-nos. Aos nossos adversários políticos, aos tudólogos do cinismo eu digo: olhem para nós, olhem para nós e digam lá agora que não há cada vez mais liberais em Portugal", disse João Cotrim Figueiredo no seu discurso de despedida, no arranque da VII Convenção Nacional.
"[Medina] daria um ótimo sucessor de António Costa que também é especialista a sacudir a água do capote”
O presidente cessante da IL ironizou também que Fernando Medina seria um “ótimo sucessor” de António Costa à frente do PS, acusando o ministro de “nunca saber de nada”.
“Nunca sabe nada, está sempre distraído. Não sabia dos dados dos dissidentes ucranianos enviados à embaixada russa, não sabia das indemnizações pagas na TAP. E agora não sabe como é que um ex-autarca do PS de Castelo Branco era o único capaz de fiscalizar adjudicações em Lisboa”, acusou João Cotrim Figueiredo, no discurso de abertura da VII Convenção da IL.
“Pelo menos nesse aspeto, daria um ótimo sucessor de António Costa que também é especialista a sacudir a água do capote”, ironizou.
Cotrim Figueiredo afirmou que a IL “fez a diferença no dossiê da nacionalização da TAP”, defendendo que foi desde o início o partido com uma posição clara na matéria, pela privatização da companhia aérea.
“O Governo já reconhece que o dinheiro não vai ser recuperado. O ministro Pedro Nuno Santos que nos meteu nesta alhada já saiu com o rabo entre as pernas (não sei se a tremer, como as pernas dos banqueiros alemães). António Costa com mais uma pirueta agora já admite privatizar a TAP a 100%. E a direção executiva da TAP” anda em roda livre, a contratar amigos e a despedir administradores com chorudas indemnizações”, criticou.
O líder defendeu que a IL “foi o único partido que colocou sistematicamente no topo da agenda o tema do crescimento económico” e salientou o seu papel em ‘dossiês’ legislativos como a morte medicamente assistida, no qual a IL contribuiu com um projeto de lei – diploma que foi enviado pelo Presidente da República para o Tribunal Constitucional este mês.
“Nesta matéria, sem a IL não teria havido a garantia do acesso a cuidados paliativos antes de iniciado o processo, nem teria havido a salvaguarda da liberdade de escolha dos profissionais de saúde envolvidos. A Iniciativa Liberal fez a diferença”, vincou.
Segundo Cotrim de Figueiredo, o partido disse ‘presente’ na elaboração deste projeto “na defesa de um direito individual que o Estado não tem o direito de limitar”.
Quanto à revisão constitucional, Cotrim de Figueiredo defendeu que o partido tem que ficar alerta para “continuar a fazer a diferença durante o processo de revisão constitucional que agora se iniciou em má hora por iniciativa do Chega, e no qual o PS e PSD resolveram embarcar pelo único motivo de que querem dar cobertura constitucional aos confinamentos compulsivos de pessoas infetadas e utilização abusiva de metadados para efeitos de investigação criminal”.
“Os partidos do sistema a entenderem-se para limitar as nossas liberdades fundamentais sem envolverem o parlamento e, nalguns casos, sem sequer envolverem os tribunais. Isto é inaceitável e a Iniciativa Liberal também aqui vai fazer a diferença”, vincou.
“O presidente não deve ser uma figura decorativa. (...) Tenho o direito e tenho o dever de tornar clara a minha opinião em público e foi o que fiz”,
No último discurso enquanto presidente da IL que fez esta manhã na convenção do partido, João Cotrim Figueiredo considerou injustas algumas das críticas que lhe foram feitas internamente durante a campanha eleitoral, entre as quais aquelas sobre o apoio imediato que deu ao candidato Rui Rocha.
Cotrim Figueiredo disse aos críticos internos que nada fez para seu “proveito ou conveniência”, considerando ter direito a expressar a opinião sobre quem deve ser o futuro líder, que não pode ser “uma figura decorativa”.
Para o ainda presidente da IL, os seus direitos como membro do partido não ficam diminuídos, “em especial quando tanta coisa importante está em causa nesta eleição”.
“O presidente não deve ser uma figura decorativa. (...) Tenho o direito e tenho o dever de tornar clara a minha opinião em público e foi o que fiz”, assegurou, ressalvando que a decisão dos liberais é soberana e que os membros pensam “pela sua própria cabeça”.
Dirigindo-se diretamente “a todas essas críticas e a todos esses críticos”, João Cotrim Figueiredo quis deixar uma resposta “olhos nos olhos”: “tudo, mesmo tudo, o que fiz não foi para meu proveito ou conveniência, mas sempre e exclusivamente para o bem da Iniciativa Liberal. Não sei se todos os críticos podem dizer o mesmo”.
"Isto não é um adeus é um até sempre"
Num discurso em que se emocionou na reta final, o presidente cessante antecipou que a IL continuará unida depois das eleições internas porque os adversários do partido “estão lá fora, não estão cá dentro”.
“Eu continuarei ao vosso lado, agora como membro de base, sem cargos, sem favores, sempre disponível para servir a causa liberal dentro das minhas capacidades e no respeito pela minha consciência. Isto não é um adeus é um até sempre. Sempre, sempre a bem da Iniciativa Liberal e a bem de Portugal”, prometeu.
João Cotrim Figueiredo anunciou em outubro do ano passado, a meio do mandato, que não se iria recandidatar às eleições antecipadas, provocando surpresa nas hostes liberais, tendo depois anunciado o apoio quase imediato a um dos três candidatos à liderança, Rui Rocha.
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