“O Hamas vai dar uma resposta clara muito em breve, mas não queremos dar uma hora, nem um dia preciso”, disse à agência de notícias AFP Souheil al-Hindi, membro do gabinete político do Hamas.

O responsável acrescentou ainda que o Hamas “está aberto a todas as discussões com os mediadores” e “a todas as iniciativas para pôr fim à guerra (…), mas sujeito a condições muito claras que não podem ser renunciadas”, antes de mais “a cessação das hostilidades e a retirada total do ocupante da Faixa de Gaza”.

O site de notícias norte-americano Axios afirma que na última versão do projeto de acordo, Israel propõe apenas discutir um “regresso a uma calma duradoura” em Gaza após a libertação dos reféns.

Mas, ao mesmo tempo, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu voltou a afirmar que pretende lançar um ataque terrestre a Rafah, cidade no extremo sul da Faixa de Gaza que se tornou um refúgio para 1,5 milhões de palestinianos, “com ou sem um acordo de tréguas”.

“O Sr. Netanyahu fala de forma arrogante, desafiadora e insistente sobre a continuação da guerra”, observa Hindi. “O Hamas e os outros movimentos de resistência palestinianos têm todo o interesse em acabar com esta guerra sem sentido (…) que destruiu tudo. Mas não a qualquer preço”.

Após mais de 200 dias de combates e bombardeamentos, o povo palestiniano “não pode, em caso algum, levantar a bandeira branca ou render-se às condições do inimigo israelita”, insistiu.

Hindi, que já participou em negociações anteriores, recordou as outras exigências do Hamas: o regresso gratuito às suas casas dos habitantes de Gaza deslocados pela guerra e um “acordo justo” relativo à troca de reféns detidos na Faixa de Gaza por palestinianos detidos por Israel.

Segundo as autoridades palestinianas, cerca de 9.000 prisioneiros palestinianos encontram-se nas prisões israelitas, dos quais mais de 4.000 foram detidos depois de 7 de outubro, data em que começou a guerra entre Israel e o Hamas.

Há vários meses que decorrem negociações indiretas mediadas pelo Egipto, Qatar e Estados Unidos, com o Hamas e Israel a acusarem-se mutuamente dos bloqueios.

Um funcionário israelita disse à AFP que Israel iria esperar “até quarta-feira à noite” pela resposta do Hamas. Washington está a pedir ao Hamas que aceite a oferta de tréguas, descrita como “generosa” pelo Secretário de Estado Antony Blinken.

No poder em Gaza desde 2007, o Hamas, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, tenciona decidir o futuro da Faixa de Gaza em concertação com os outros movimentos palestinianos, explicou Hindi, afirmando que “o ocupante (israelita) e os seus aliados não poderão dirigir a Faixa de Gaza” após o fim das hostilidades.

“Temos de chegar a um acordo” com a Fatah, que detém o poder na Cisjordânia e com a qual o Hamas está em conflito desde 2007, mas também com “todas as fações palestinianas”, acrescentou.

A 7 de outubro, o Hamas levou a cabo um ataque sem precedentes no sul de Israel, que causou a morte de 1.170 pessoas, sobretudo civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelitas.

A ofensiva de retaliação de Israel em Gaza já causou 34.568 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamita.