A capa da "Vogue" norte-americana do mês de dezembro foi revelada há três dias e nela figura o ex-One Direction Harry Styles, que entretanto embarcou numa carreira a solo. Numa entrevista à publicação, o músico veste vários conjuntos de roupa, que não deixaram o público indiferente.

Harry Styles é fotografado a usar um vestido longo azul pálido (quase branco) com detalhes de renda preta nos folhos e um blazer preto — tudo da marca Gucci, que pode ser visto na totalidade na entrevista, já que não se vê completamente na capa. O The Guardian escreve que a capa desencadeou conversas sobre masculinidade.

"Quando tu tiras o 'há roupa para homem e há roupa para mulher', quando tu retiras quaisquer barreiras, obviamente abres a arena onde brincas", diz Styles na entrevista à Vogue. "É como tudo - sempre que pões barreiras na tua própria vida, só te estás a limitar a ti próprio".

O The Guardian explica que a imagem é representativa da crescente exploração da fluidez de género e do vestuário não-binário, que é popular entre a geração millennial e geração-Z — um dos públicos-alvo da Vogue.

No entanto, alguns conservadores norte-americanos, como Candice Owens e Ben Shapiro, mostraram-se desagradados por Harry Styles se apresentar com vestidos.

Candice Owens, comentadora e ativista política conservadora norte-americana, escreveu na sua conta de Twitter no dia do lançamento da "Vogue": “Tragam de volta os homens masculinos”.

Esta segunda-feira, Owens continuou a falar do tema, reafirmando as suas palavras e explicando a sua opinião sobre o feminismo: "O que quis dizer com 'tragam de volta os homens masculinos' é que termos como 'masculinidade tóxica' foram criados por mulheres tóxicas. As verdadeiras mulheres não praticam feminismo falso. Desculpem, mas não peço desculpa".

Alguns dos seus seguidores no Twitter mostraram a Owens fotos de Iggy Pop, David Bowie e Kurt Cobain a usar vestidos, mas a comentadora respondeu que as fotografias não a iam tornar de repente atraída por homens com essas roupas. "Mostrarem-me 50 exemplos de alguma coisa não a vai tornar menos estúpida", escreveu, acompanhando com a "hashtag" 'BringBackManlyMen'. Noutra publicação, Owens escreveu "Esperem até eles descobrirem que eu também penso que mulheres devem ser femininas — e que eu gosto de cozinhar e cuidar do meu marido".

A polémica tomou tais proporções que Owens decidiu fazer um vídeo de cerca de dez minutos no Instagram a explicar o seu ponto de vista, onde começa por dizer que o que disse no Twitter não foi um ataque ao músico britânico. "O Harry Styles é que foi o homem que por acaso estava no vestido. Era um ataque à Vogue e à cultura em geral, que nos quer enfiar pela garganta este transformar de homens em mulheres, e mulheres em homens."

A acompanhar o vídeo, vem o texto: "Homens em vestidos de gala não é uma coisa. Os conservadores estão fartos de se vergar perante a esquisita e pervertida vontade da esquerda e dos grupos de Hollywood". E continua: "Mulheres femininas não precisam de se sentar e permitir mulheres mais feias preguem sobre o porquê de o 'normal' ser errado. Homens masculinos não precisam de ouvir homens feminizados dizerem o quão 'maravilhoso' e 'corajoso' seria se eles se castrassem à frente do mundo. É um novo dia. Já não somos a maioria silenciosa".

Ben Shapiro, também conservador, concordou com os ataques de Owens, quando partilhou o tweet que dizia que "não há sociedade que consiga sobreviver sem homens fortes" e onde surgiu a frase “tragam de volta os homens masculinos”.

Ao partilhar estas palavras, Shapiro escreveu: "Isto é perfeitamente óbvio. Qualquer pessoa que finja que isto não é um referendo sobre a masculinidade pelos homens em vestidos fofos está a tratá-lo como um completo idiota". Num tweet associado a este continuou: "Masculinidade e feminilidade existem. (...) Os rapazes são ensinados a ser mais masculinos em quase todas as culturas porque o papel do homem não é sempre o mesmo que o da mulher".

Em seguida refere-se a Harry Styles: "A esquerda sabe isto, claro. O PONTO de Styles fazer esta sessão fotográfica é feminizar a masculinidade. Caso contrário porque haveria de ser digno de grandes títulos Styles vestir um vestido?"

O The Guardian lembra que esta não é a primeira vez que Harry Styles usa a moda de forma corajosa. O cantor usou um vestido preto brilhante na capa do "Guardian Weekend" e defendeu a estética 'queer' no seu trabalho visual: “Não estou só a salpicar ambiguidade sexual para ser interessante", explicou Styles. “Quero que as coisas pareçam de certa forma. Não porque me faz parecer 'gay' ou me faz parecer heterossexual, ou me faz parecer bissexual, mas porque acho que parece fixe".

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