As buscas aquáticas, hoje a cargo da Unidade de Mergulhadores da Companhia de Bombeiros Sapadores de Coimbra (CBSC), concentraram-se no canal de rega do Mondego, infraestrutura de regadio dos campos agrícolas, com cerca de nove metros de largura e três de altura de água, adjacente à chamada Estrada do Campo e localizado entre esta e o leito principal do rio.

Em declarações à agência Lusa, Rui Pereira, chefe de equipa de mergulhadores da CSBC, explicou que os mergulhos decorreram hoje junto a três diques do canal de rega – que os agricultores denominam ‘bico de pato’ e são responsáveis pelo nivelamento da água – em zonas de retenção onde um corpo pode ficar.

“O que foi feito foi mergulho específico, nas prováveis zonas onde, normalmente, um corpo pode fundear e ficar alojado, que é antes dos diques e da queda de água”, disse Rui Pereira.

“A água passa nas laterais e por vezes galga a comporta. Por baixo, na zona da comporta, há zonas onde [um corpo] pode ficar fundeado ou pode espraiar para o lado esquerdo ou direito do dique e há também uma forte probabilidade de aí ficar”, acrescentou.

O chefe da equipa de mergulhadores dos Bombeiros Sapadores disse ainda que, devido à forte corrente, um mergulhador estava na água e outro, na margem, segurava a corda-guia presa ao companheiro, para este “não ser arrastado, nem projetado para a queda do dique”.

“É uma zona com muita corrente. Nós até ensaiamos entre o primeiro dique e o segundo, despistando a 50 ou 60 metros, para ver a velocidade da água e um corpo sem apoio desloca-se. Daí centrarmo-nos junto às zonas de retenção dos diques”, acrescentou Rui Pereira.

Apesar dos mergulhos se terem concentrado junto aos diques, Rui Pereira admite que isso “não invalida que o corpo não possa ficar preso num sítio específico [dentro do canal] porque é uma zona muito abrangente”, indicou.

Rui Pereira notou, no entanto, que a operação hoje realizada baseou-se “só em suspeitas”, não havendo confirmação de que o desaparecido esteja no canal de rega.

Por outro lado, indicou que o homem, residente na zona de Travanca do Mondego, concelho de Penacova “já é reincidente” em desaparecimentos.

“Já não é a primeira vez que acontece com a mesma pessoa, felizmente das outras vezes tem aparecido e não quer dizer que desta, também não apareça com vida. Mas o nosso trabalho é um bocado inglório, porque não há nada rigoroso, um indício evidente que esteja ali”, afirmou.

As buscas iniciaram-se na manhã de hoje junto ao dique de Casais (na margem direita do Mondego, perto do Centro Hípico de Coimbra), local onde, na noite de segunda-feira, foi detetado o carro do homem de 41 anos, com a porta aberta.

Daí para jusante, os mergulhadores verificaram outros dois diques, já na zona de Taveiro, localizados a dois e a 3,5 quilómetros (km) do local inicial.

Outros três diques, localizados na zona de Ameal, Arzila e Pereira (este último já no concelho de Montemor-o-Velho), foram avaliados pelos mergulhadores, através de “reconhecimento exterior”, num percurso de mais 4,5 km ao longo do canal de rega do Mondego.

De Pereira até à zona onde o canal de regadio encontra o leito periférico direito do rio Mondego, após a estação de comboios de Alfarelos, existem outros dois diques e quase mais nove quilómetros de vala de rega, totalizando 16 km de percurso, desde o local do desaparecimento.

Dado que o canal de rega passa por debaixo do leito periférico direito do Mondego por um tubo com uma rede, um eventual corpo não consegue atravessar: “Já foi articulado com a autoridade, porque há um vigilante. Vai ficar atento e se vir qualquer indício, informar”, disse Rui Pereira.

Na manhã de quarta-feira as buscas reiniciam-se com um dispositivo alargado que conta, para além dos mergulhadores dos bombeiros, com militares da GNR e uma equipa subaquática da Unidade de Emergência, Proteção e Socorro (UEPS).

“Amanhã [quarta-feira] vamos tentar perceber o que está a acontecer e vamos ter aqui uma equipa subaquática da UEPS. Vamos fazer as nossas buscas, no leito e nas margens do rio e na zona do canal de rega”, disse à Lusa o capitão Rui Silva, comandante do Destacamento Territorial de Coimbra da GNR.

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