Entre janeiro e agosto deste ano foram consumidas menos 1,1 milhões de embalagens de antibiótico em relação ao período homólogo de 2019, avança a edição do jornal Público de hoje.

Esta redução de 22% é visível nos dados do Infarmed — Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, segue o diário, que demonstra uma baixa de 5,3 milhões de embalagens em 2019 para 4,1 milhões este ano, entre janeiro e agosto. Estes valores de 2020 seguem a tendência de queda da dispensa de antibióticos dos últimos cinco anos, mas atingiu assim uma quebra súbita até agora inédita.

De acordo com o responsável pelo Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), José Artur Paiva, há vários motivos para esta redução. Se por um lado, desde 2013 que o PPCIRA vem a fazer um trabalho de sensibilização e de formação dos médicos para as consequências de um elevado consumo de antibióticos, por outro a própria pandemia da Covid-19 contribuiu para a descida.

Isto porque, segundo José Artur Paiva, o confinamento imposto durante a pandemia, o distanciamento social e o uso de máscara fizeram baixar o risco de exposição a infecções bacterianas transmissíveis por via aérea através da boca e do nariz. Para além disso, a atual situação levou menos pessoas aos hospitais e aos centros de Saúde, o que diminuiu as prescrições.

A este respeito, o responsável invocou ainda outro motivo para a baixa da dispensa de antibióticos. Dado que houve uma grande redução da atividade programada, nomeadamente as cirurgias e as transplantações, também este tipo de medicamentos foi menos requerido, já que estes procedimentos médicos necessitam de antibióticos para o recobro ser bem sucedido.

O Público avança que, de resto, a queda dos antibióticos acompanhou também uma queda generalizada da dispensa de medicamentos nas farmácias comunitárias, registando-se uma quebra de 2,5 milhões nos primeiros oito meses de 2020.