A agência de notícias francesa refere que, num relatório de 135 páginas, a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos documenta casos de pessoas LGBT (sigla de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) perseguidas ‘online’ pelas autoridades daqueles países árabes.
A HRW denuncia a existência de “detenções arbitrárias e tortura” naqueles países, onde a homossexualidade – apesar de não ser em todos eles considerada crime – pode ser enquadrada em leis contra o “deboche, prostituição e cibercriminalidade”.
“As autoridades egípcias, iraquianas, jordanas, libanesas e tunisinas incorporaram ferramentas tecnológicas nas suas técnicas de policiamento dirigidas contra pessoas LGBT”, acusou a investigadora de direitos LGBT para a HRW Rasha Younes, numa conferência de imprensa em Beirute, citada pela AFP.
A ONG enunciou um total de 20 casos de “armadilhas ‘online'” através do Grindr, um ‘site’ de conversações e de encontros para a LGBT, e na rede social Facebook no Egito, no Iraque e na Jordânia.
A AFP destaca o caso de um homem egípcio de 23 anos, Ayman, que depois de conversar no Grindr com outro homem combinou um encontro num café, mas afinal tinha à sua espera “cinco polícias em roupa civil” que o ameaçaram, exigindo revistar o seu telemóvel.
A polícia encontrou fotografias de Ayaman com homens, tendo-as usado como provas para o acusar de “lascívia e ‘indecência'”.
Outro caso relatado foi a história de uma mulher transexual jordana, Amar, que recebeu uma chamada de um amigo para um encontro em Amã: “No apartamento, havia quatro polícias à paisana”, conta a ONG.
Amar relatou que foi detida durante quatro dias, violada e depois acusada de prostituição.
“Embora as plataformas digitais tenham permitido às pessoas LGBT expressarem-se e amplificar as suas vozes, tornaram-se também ferramentas de repressão do Estado”, explicou Younes.
Para a HRW, as plataformas digitais devem “proteger os utilizadores vulneráveis à perseguição ‘online'”, inclusive “moderando melhor o seu conteúdo em árabe”.
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