As medidas de compensação, que decorrem da construção das barragens de Daivões, Gouvães e Alto Tâmega, estão a ser implementadas durante a fase de obras e continuarão durante a exploração do projeto.
A elétrica espanhola destacou hoje algumas das ações em curso e referiu que o orçamento para este programa de compensação de fauna e flora está estimado em 10,2 milhões de euros.
A Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do SET estabeleceu a necessidade da realização de medidas para compensar, do ponto de vista ecológico, os impactos da construção do empreendimento que deverá estar concluído em 2023.
Em comunicado, a Iberdrola disse que tem estado a trabalhar em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) na elaboração de ações que “fomentem o ecossistema natural” dos municípios abrangidos pelo empreendimento.
“No total a área a reflorestar e melhorar, desde o ponto de vista da biodiversidade, é de aproximadamente 1.000 hectares, com uma previsão de plantação de mais de 250 mil árvores e plantas”, apontou.
Na implementação destas medidas, segundo a elétrica, está a ser feito um trabalho conjunto com as câmaras municipais abrangidas pelo projeto do Tâmega, nomeadamente com Boticas, Cabeceiras de Basto, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena e Chaves.
“Os objetivos desta colaboração são, por um lado, promover a contratação de empresas e associações locais e, por outro envolver as comunidades nestas ações”, frisou a empresa.
As ações compensatórias são, de acordo com a Iberdrola, “uma grande oportunidade nestes municípios para a recuperação das áreas queimadas”.
“A questão preocupante dos incêndios foi uma grande prioridade no redesenho da flora regional, com a plantação de várias árvores autóctones de reduzida inflamabilidade, em locais estratégicos, com o objetivo de impedir a propagação de fogos florestais”, explicou.
O programa prevê ainda a rearborização de sobreiros, com o cultivo desta espécie numa área, aproximadamente, 50% maior do que a do povoamento afetada, totalizando a plantação de 18 mil sobreiros.
“As medidas de compensação de fauna e flora projetarão a conceção de uma floresta mais variada e funcional, com a criação de corredores ecológicos, que irão permitir uma melhoria na conectividade biológica em toda a envolvente dos espaços florestais”, referiu.
Estes corredores, segundo a empresa, “vão possibilitar o deslocamento de animais de áreas isoladas, garantindo maior interação entre as populações das várias espécies e contribuindo para a sua sobrevivência através do aumento da diversidade genética e disponibilidade de alimento”.
A Iberdrola apontou ainda a restauração das galerias ripícolas, com o objetivo de "serem criadas condições para uma maior sobrevivência de várias espécies".
“Como exemplo, a toupeira de água, animal que necessita de um habitat propício e requisitos particulares para prosperar, o que o torna um bioindicador, está a ser alvo de extraordinário processo de intervenção”, salientou.
A empresa explicou ainda que “várias espécies protegidas estão a ser transferidas e produzidas através de técnicas laboratoriais que asseguram a manutenção do ecossistema natural destas localidades e o renascimento melhorado de toda a fauna e flora autóctones”.
Entre as medidas compensatórias pela construção do SET, destaca-se também o centro de reprodução do mexilhão-de-rio, instalado no Parque de Natureza e Biodiversidade, em Boticas, e que é único na Península Ibérica.
Trata-se de uma espécie (margaritífera margaritífera) ameaçada, que chegou a ser dada como extinta em Portugal e foi redescoberta de uma forma fortuita, em 2009, em Boticas, travando a construção da barragem de Padroselos, que estava inicialmente prevista no SET.
O SET é um dos maiores projetos hidroelétricos na Europa, nos últimos 25 anos, contemplando a construção de três barragens (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) e um investimento de 1.500 milhões de euros.
O complexo, que deverá estar concluído em 2023, contará com uma potência instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país.
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