Em declarações à agência Lusa, Luís Chindui, um dos coordenadores locais de projetos da Oikos em Moçambique, que está a coordenar a recolha de informação e toda a logística da operação na Beira, adiantou que a organização com a ajuda de missionários já identificou um centro de apoio e abrigo para armazenar os bens que serão em breve distribuídos às pessoas.
Luís Chindui contou que elementos da OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento estão em Maputo a recolher e angariar alimentos e água potável que serão depois transportados para a região.
“No terreno contactámos com missionários e padres locais que nos arranjaram um espaço para armazenarmos os bens que virão de Maputo em breve”, disse.
A OIKOS está também a fazer a recolha de donativos tendo disponibilizado para o efeito uma conta com o IBAN PT50 0036 0265 9910 0013225 29.
De acordo com Luís Chindui, a OIKOS vai, em concertação com o governo moçambicano e com parceiros internacionais, incluindo a cooperação portuguesa, fazer chegar ao centro de apoio kits de bens de primeira necessidade, materiais para a construção/reparação de abrigos, água e saneamento para as populações do distrito da Beira e do Dondo.
“Estamos a falar de materiais de purificação de água e garrafões/baldes, kits de higiene, distribuição de bens e utensílios alimentares, materiais para dormir e kits de abrigo. Vamos também sensibilizar a comunidade para os cuidados de higiene e saneamento”, indicou.
Luís Chindui contou à Lusa que hoje de manhã a situação na Beira estava mais calma, não se registando chuvas fortes.
“Ainda chove aqui, mas não com a intensidade dos últimos quatro dias. Ainda há muitas zonas inundadas. A OIKOS está juntamente com os padres e missionários locais a tentar identificar as necessidades das famílias e aos poucos ajudá-las a ultrapassar este momento difícil”, disse.
Apesar de a situação meteorológica ter melhorado, Luís Chindui destacou que a tragédia “é terrível” e que a situação das pessoas “é desesperada”.
“É urgente fazer chegar às pessoas água potável e alimentação”, disse.
A Oikos é uma das Organizações que está a trabalhar em coordenação com o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), com as Nações Unidas e com parceiros humanitários para responder às necessidades imediatas das populações em risco.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou mais de 350 mortos, segundo balanços provisórios.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, anunciou na terça-feira que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil “estão em situação de risco”, tendo decretado o estado de emergência nacional.
O primeiro de dois aviões C-130 da Força Aérea Portuguesa, com uma Força de Reação Imediata constituída por 25 fuzileiros, 10 elementos do Exército, três da Força Aérea e dois da GNR (equipa cinotécnica), é esperado hoje na Beira, para apoiar as operações de busca e salvamento.
O Governo português anunciou que 30 cidadãos nacionais residentes na Beira estavam por localizar na quarta-feira.
A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, considerando que se trata da “pior crise” do género em Moçambique.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
No Zimbabué, as autoridades contabilizaram pelo menos 100 mortos e centenas de desaparecidos, enquanto no Maláui as únicas estimativas conhecidas apontam para pelo menos 56 mortos e 577 feridos.
Os donativos internacionais para ajuda de emergência atribuídos desde segunda-feira aos três países afetados pelo ciclone Idai ascendem já a pelo menos 52,5 milhões de euros.
Fundada em 23 de fevereiro de 1988, em Portugal, a Oikos é uma associação sem fins lucrativos, reconhecida internacionalmente como Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD/INGO).
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