O caso passou para as mãos de uma equipa dedicada ao contraterrorismo, formada pela Polícia do Estado de Vitória, a Polícia Federal Australiana e a Organização Australiana de Inteligência de Segurança, a principal agência de espionagem doméstica do país.

“A decisão (…) de transferir o ataque incendiário contra a sinagoga Adass Israel para a Equipa Conjunta de Contraterrorismo de Vitória é um ponto de viragem crucial nesta investigação”, disse aos jornalistas a vice-comissária da Polícia Federal australiana, Krissy Barrett.

“Quero agradecer aos investigadores da Polícia de Vitória pelas informações significativas que recolheram até agora, o que nos ajudou a determinar que este é provavelmente um ataque com motivações políticas. Esta é agora uma investigação de terrorismo”, acrescentou Barrett.

A declaração deu aos investigadores mais recursos, informações e poderes legais para perseguir os três suspeitos, disse a polícia.

O comissário-chefe da polícia de Vitória, Shane Patterson, disse que os investigadores fizeram “progressos significativos”, mas recusou-se a divulgar quaisquer detalhes.

As autoridades estaduais ofereceram na sexta-feira 100 mil dólares australianos (60.600 euros) para ajudar a reparar a sinagoga e disse que haveria um aumento da presença policial na área.

O Governo federal ofereceu no domingo ao Conselho Executivo dos Judeus Australianos, um organismo que representa mais de 200 organizações judaicas, 32,5 milhões de dólares australianos (19,7 milhões de euros) para aumentar a segurança em locais comunitários, incluindo sinagogas e escolas.

Uma testemunha que foi à sinagoga para rezar viu dois homens mascarados a espalhar um acelerador líquido com vassouras dentro do edifício, disseram as autoridades.

Cerca de 60 bombeiros com 17 camiões de bombeiros responderam ao incêndio, que a polícia disse ter causado grandes danos.

O incêndio representa uma escalada dos ataques direcionados que têm acontecido na Austrália desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, em outubro de 2023.

Carros e edifícios foram vandalizados e incendiados por toda a Austrália em protestos contra a guerra.

Uma lei federal proibiu em janeiro a saudação nazi e a exibição pública de símbolos nazis.

O Governo australiano nomeou este ano assessores especiais para combater o antissemitismo e a islamofobia na comunidade.

A primeira-ministra do estado australiano de Victoria, Jacinta Allan, observou, num comunicado, que a sinagoga foi “construída por sobreviventes do Holocausto”.

Muitos dos fiéis originais da sinagoga eram imigrantes vindos da Hungria após a Segunda Guerra Mundial.