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O fogo na catedral de Notre-Dame, atingida por um grande incêndio que teve início na segunda-feira, foi declarado extinto na terça-feira de manhã. A estrutura sobreviveu ao incêndio, que se crê ter sido causado de forma acidental, tendo 30 pessoas já sido ouvidas pelos investigadores. Emmanuel Macron, presidente de França, prometeu uma reconstrução em cinco anos.
- O incêndio foi extinto na terça-feira de manhã, 16 de abril, comunicou o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Paris, o tenente-coronel Gabriel Plus, horas depois de relatar que o fogo estava "completamente sob controlo", mas "parcialmente extinto" com "incêndios residuais para extinguir". “O fogo foi extinto na sua totalidade. Agora, esta fase é dos especialistas”, declarou numa conferência de imprensa em frente à catedral. O corpo de bombeiros precisou de 14 horas para apagar o fogo desde de que foi reportado;
- Os serviços de emergência ainda estão "a examinar o movimento das estruturas e a extinguir os focos residuais", os investigadores não podem entrar na nave enquanto os especialistas não confirmarem que as paredes em pedra aguentaram o calor e a estrutura se mantém estável. Centenas de bombeiros vão continuar a trabalhar durante 48 horas, enquanto que a polícia parisiense mantém a área interditada;
- O secretário de Estado do interior francês, Laurent Nuñez, já declarou que, uma vez afastado o "perigo do fogo", a questão fundamental é, a partir de agora, saber "como vai resistir a estrutura". Nuñez admitiu ainda que a Catedral esteve a "15 a 30 minutos" de ruir completamente, se não fosse a ação dos bombeiros;
- Citado pelo Le Monde, o procurador de Paris, Remy Heitz, voltou a sublinhar, na terça-feira de manhã, que não há indícios de que o incêndio tenha sido um ato "voluntário". 30 dos trabalhadores das cinco empresas que estavam a trabalham no local já foram ouvidos e há 50 pessoas a trabalhar no caso. Os investigadores vão usar imagens de vigilância captadas dentro e fora do edifício para apurar as causas, assim como vídeos amadores, e vão também começar a recolher provas no local assim que for possível. Esta segunda-feira, a Procuradoria de Paris já tinha anunciado que ia abrir um inquérito para apurar "destruição involuntária por fogo".
- Julien Le Bras, representante da empresa La Bras Freres, responsável pelas obras de recuperação da Catedral, disse que ia colaborar estritamente com a investigação e garantiu que nenhum dos seus trabalhadores se encontrava no local quando começou o incêndio;
- A Reuters reporta que os bombeiros e as autoridades no local redobraram esforços durante a noite para retirar artefactos da Catedral, formando uma corrente humana. Sabe-se que, felizmente, grande parte do seu espólio sobreviveu, destacando-se a Coroa de Espinhos, que só raramente é exposta em público, e a túnica de São Luís, ambas relíquias católicas de grande importância.
- As obras recuperadas foram armazenadas nos Paços do Concelho durante a noite e seguem agora para avaliação e preservação no Museu do Louvre. Também as três famosas rosáceas sobreviveram ao incêndio, assim como os sinos do campanário norte. As dezasseis estátuas que adornavam o pináculo da Catedral que colapsou com o fogo escaparam, já que tinham sido retiradas para restauro alguns duas antes.
- No meio dos destroços, foi encontrada a estátua do galo que adornava o pináculo da Catedral e que se pensava ter derretido com o calor. Apesar de estar danificada, espera-se que possa ser recuperada. A estátua incluía três relíquias - uma parte da Coroa de Espinhos, uma relíquia de Dinis de Paris e outra de Santa Genoveva -, sendo que ainda não se sabe se se encontram dentro da estrutura ou se saíram na queda;
- Contudo, vários dos quadros que estavam pendurados na nave, alguns com 400 anos de idade, ficaram danificados, ainda que se especula que os danos tenham sido causados pelo fumo e não pelas chamas. O órgão, que sobreviveu à Revolução Francesa, não ficou queimado mas pode ter sido danificado pela água, e os especialistas vão medir os estragos aos vários vitrais espalhados pela Catedral. Maxime Cumunel, secretária-geral para o Observatório da Herança Religiosa de França, reconheceu que, "pelo menos 10% das obras provavelmente terão sido destruídas";
- O incêndio começou cerca das 18:50 (17:50 em Lisboa) na segunda-feira. Em poucas horas, grande parte do telhado ficou reduzida a cinzas. O fogo "violento" espalhou-se “muito rapidamente por todo o telhado", em cerca de 1.000 metros quadrado;
- O incêndio terá tido início numa secção de andaimes junto ao sótão da catedral. A catedral estava a ser alvo de renovações, estando várias secções sob andaimes para se procederem a trabalhos de restauração;
- Para o local foram mobilizados cerca de 400 bombeiros e usados 18 canhões de água para combater o incêndio. Um bombeiro sapador e dois polícias ficaram feridos sem gravidade;
- Um vídeo divulgado na conta de Twitter dos Bombeiros de Paris mostra algumas imagens impressionantes do combate às chamas;
- O fogo consumiu toda a estrutura do teto e levou, inclusive, à queda do pináculo da catedral, momento captado em vários vídeos partilhados nas redes sociais. Uma imagem captada por um drone da polícia mostra a magnitude dos estragos. "Todo o telhado está danificado, toda a estrutura ficou destruída, uma parte da abóboda caiu, o pináculo já não existe", resumiu nesta terça-feira o porta-voz dos bombeiros de Paris, Gabriel Plus;
- Os bombeiros de Paris chegaram a temer não conseguir conter o fogo e que este se alastrasse ao campanário norte, o que significaria o possível colapso de duas torres que não só armazenam uma parte significativa do espólio artístico e religioso da catedral, como também contêm sinos que pesam várias toneladas. Por volta das 22h00 de segunda-feira, o comandante dos bombeiros disse que as torres estavas "salvas e preservadas";
- Uma correspondente do Le Monde falou com Anne Hidalgo, presidente da Câmara de Paris, que lhe disse que a nave principal tinha um buraco no teto onde se encontrava o pináculo, mas que o altar e a cruz se encontravam preservadas. A mesma confirmou com Philippe Villeneuve, gestor de monumentos históricos, que "o tesouro foi conservado" mas que será feito "um inventário das obras (pinturas) das capelas ao redor da nave, que podem ter sido danificadas por fumo e água";
- Emmanuel Macron, presidente de França, esteve no local a discursar à nação francesa, prometendo reconstruir a catedral e lançando uma subscrição nacional para a recolha de fundos. Já a 16 de abril, o líder francês voltou a apelar à união do país e prometeu que a recuperação da Catedral seria atingida em cinco anos.
- Várias instituições e entidades privadas já se disponibilizaram para ajudar monetariamente na reconstrução da catedral, em valores que já ultrapassaram os 800 milhões de euros. "Juntos vamos reconstruir Notre-Dame", o pedido veio do presidente francês e ecoou um pouco por todo o lado. Veja aqui a lista;
- A UNESCO, órgão das Nações Unidas que tem como um dos seus vários propósitos a salvaguarda do património cultural, já informou que vai estar ao lado da França para recuperar este monumento;
- Porém, apesar de todo o apoio que se tem feito sentir, os especialistas apontam para um prazo de 10 a 15 anos para restaurar a Catedral. Um deles, Frédéric Létoffé, rejeitou as previsões a curto prazo, lembrando que antes do restauro vai ser necessário assegurar o que sobreviveu ao fogo e que isso passa, por exemplo, por criar condições para proteger a Catedral dos elementos, como a chuva e o vento.
- Vários políticos e governantes de todo o mundo reagiram para exprimir a sua solidariedade para com os franceses, incluindo Angela Merkel, António Guterres, Jean-Claude Juncker e Donald Trump. Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, foram algumas das vozes portuguesas que se fizeram ouvir;
- A catedral, cuja construção teve início no século XII, é um dos monumentos mais acarinhados em França e mais visitados na Europa. De acordo com o seu website oficial, o monumento católico recebe cerca de 13 milhões de visitantes por ano, tendo perto de 30 mil por dia.
- Do português Público ao norte-americano Financial Times, passando pelos franceses Le Figaro e Libération, as primeiras páginas dos jornais desta terça-feira espelham a destruição. Veja as capas.
[Artigo atualizado às 00h17 de 17 de abril]
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