A informação foi avançada hoje pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que falava em Manteigas, no distrito da Guarda, um dos concelhos afetados pelo fogo da serra da Estrela.
Numa conferência de imprensa após uma reunião com os autarcas locais, a governante lembrou que o pacote de 200 milhões aprovado pelo Governo na quinta-feira abrange 14 concelhos, nomeadamente os da serra da Estrela (Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia) e mais oito que registaram áreas ardidas superiores a 4.500 hectares.
“Nunca conseguiremos substituir o que foi perdido. O fogo destrói e mata, mas temos de aproveitar estas verbas e estarmos unidos”, afirmou, referindo que o conjunto de medidas delineadas é “bastante diversificado” e que se destinam a autarquias, famílias e empresas afetadas.
Segundo detalhou, o valor total será distribuído por medidas de emergência e por medidas de resiliência e competitividade, sendo que uma boa parte será a fundo perdido, enquanto outras têm taxas de comparticipação.
As primeiras têm um valor de 112 milhões de euros e serão concretizadas até ao final de 2022, enquanto as medidas de resiliência e competitividade, a implementar até junho de 2023, com um envelope financeiro de 88 milhões de euros.
No caso dos apoios de emergência, estão previstas medidas de estabilização dos territórios, de limpeza das linhas de água, de apoio a equipamentos e infraestruturas municipais que arderam.
Nesta componente está ainda prevista a realização de uma campanha de promoção turística, com o objetivo de ajudar a estimular o turismo local, que foi muito afetado.
Nas medidas de resiliência e competitividade, a governante detalhou que se continuará a trabalhar na estabilização dos solos e na limpeza das linhas de águas e em ações para tornar as aldeias mais seguras.
Por outro lado, explicou que haverá apoios para ajudar a diversificar a base económica, com apoios dedicados às empresas destes territórios.
Segundo referiu, na componente económica haverá apoios para projetos de investimento até 200 milhões de euros (com uma taxa de apoio pode chegar a 60% a fundo perdido) e medidas destinadas a projetos de maior dimensão, cuja taxa de apoio andará entre os 30 a 40% a fundo perdido.
Acrescentou ainda que também haverá uma linha para apoiar a perda de receita no turismo, que foi um dos setores particularmente afetados na serra da Estrela.
A isso acrescem medidas de apoio à contratação de recursos humanos, ao apoio à agricultura e à reposição do material produtivo.
Respondendo a uma reivindicação que foi apresentada localmente, explicou que também será atribuído um apoio aos pequenos agricultores, que não tinham atividade registada, mas que também tiravam rendimentos do cultivo das terras.
Nesses casos, o apoio será atribuído através da Segurança Social, num valor de 1.153 euros por família.
No que concerne às casas de primeira habitação que arderam (14 no global dos concelhos abrangidos), Ana Abrunhosa referiu que o apoio será calculado caso a caso e tendo em conta os valores dos seguros.
Ana Abrunhosa ressalvou ainda que o pacote de 200 milhões de euros ainda não inclui o Plano de Revitalização da Serra da Estrela, que será implementado após junho de 2023.
Nessa componente vai ser criado um grupo de trabalho para criar esse programa e as medidas podem vir a incluir os restantes concelhos da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, dado que se trata de um programa regional.
A governante disse que o plano deverá ser apresentado em junho de 2023, e que será territorialmente desenvolvido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), em colaboração com outras entidades governamentais e municipais.
“Terá eixos de ação, medidas concretas, valores, calendários e responsáveis pela sua implementação”, referiu, explicando que deverá ser criada uma estrutura de missão para esse plano.
O Governo aprovou quinta-feira, o montante global de cerca de 200 milhões de euros para minimizar os danos causados pelos incêndios rurais de agosto no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), nomeadamente nos concelhos de Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia, bem como em todos os municípios com uma área ardida acumulada, em 2022, igual ou superior a 4.500 hectares ou 10% da respetiva área.
Segundo o comunicado divulgado no final do Conselho de Ministros, são elegíveis por este critério os municípios de Carrazeda de Ansiães (Bragança), Mesão Frio (Vila Real), Murça (Vila Real), Vila Real, Albergaria-a-Velha (Aveiro), Alvaiázere (Leiria), Ansião (Leiria) e Ourém (Santarém).
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