O relatório “Análise dos Incêndios Florestais ocorridos a 15 de outubro de 2017”, feito pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, liderado por Domingos Xavier Viegas, refere que as entidades operacionais “nem sempre fazem” o melhor uso do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), da Rede Operacional de Bombeiros (ROB) e da Rede Estratégica de Proteção Civil (REPC), o que limita as vantagens da utilização deste sistema.
Como exemplo, o documento destaca “o frequente incumprimento do plano de comunicações definido para uma ocorrência, que é por vezes desrespeitado por operacionais que atropelam o nível de canal (operacional, tático ou estratégico) em que deveriam comunicar, ou por equipas ou grupos que frequentemente não utilizam os canais de comunicação que lhes são atribuídos no plano de comunicações”.
Nesse sentido, a equipa do investigador Xavier Viegas considera que se deve “melhorar a formação para permitir tirar o máximo proveito dos sistemas de comunicação disponíveis”.
Sobre o SIRESP, o documento defende que é urgente “a melhoria e adaptação a mega catástrofes ou multicatástrofes” deste sistema, uma vez que, em várias ocasiões, quando “a necessidade de comunicações aumentou, o sistema deixou de funcionar convenientemente”.
Os investigadores referem também que o sistema SIRESP “tem um potencial de utilização que vai muito além da capacidade disponível em Portugal, pelo que uma reflexão sobre a aquisição de novas capacidades e equipamentos deve ser objeto de profunda reflexão”.
Para os responsáveis pelo relatório, a situação caótica que se verificou no dia 15 de outubro “não foi um mero acaso, mas a consequência de um sistema de comunicações incapacitado para responder “a grandes cenários”.
O documento indica ainda que, no dia 15 de outubro de 2017, as comunicações por satélite funcionaram razoavelmente, bem como o sistema de contingência, mas “nem todas as instituições tinham ao seu dispor, ou chegaram a usar, este sistema”.
Desde outubro de 2017 foram várias as instituições e entidades que se reforçaram com estes equipamentos, no entanto, o relatório sublinha que estas aquisições devem fazer parte de um programa integrado, gerido ao nível nacional, permitindo assim uma maior eficiência e redução de custos.
O incêndio de 15 de outubro de 2017 afetou sobretudo a região Centro de Portugal e provocou 51 mortos, quatro meses depois um outro fogo de grandes dimensões em Pedrógão Grande em que morreram 66 pessoas.
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