“A partir de amanhã [terça-feira] todos os distritos ficarão em alerta amarelo”, disse Patrícia Gaspar, em conferência de imprensa ao início da noite na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, concelho de Oeiras (Lisboa).
A governante acrescentou que o país está “a viver dias de enorme complexidade em matéria de incêndios rurais”, uma vez que, “praticamente durante oito dias, com todo o país em situação de alerta”, houve “inúmeras ocorrências”, precisamente “1.088 ocorrências de incêndios rurais”.
A secretária de Estado da Administração Interna considerou que estes são números “quase inaceitáveis para as condições meteorológicas” em Portugal.
“Foram, de facto, feitos vários avisos, foram feitos vários alertas, mas, infelizmente, continuamos a registar um número de ocorrências que tornam toda esta situação muito difícil de gerir”, lamentou Patrícia Gaspar.
Apesar de não adiantar mais detalhes sobre o modo como está a decorrer o combate ao incêndio de Proença-a-Nova, que deflagrou no domingo à tarde e alastrou aos concelhos de Oleiros e Castelo Branco, a secretária de Estado considerou que é “verdadeiramente complexo” e que esta “não é apenas uma ocorrência de combate a incêndio, é uma verdadeira ocorrência da Proteção Civil, que tem envolvido dezenas de entidades”.
Questionada sobre se há indícios criminosos na origem deste fogo, a secretária de Estado disse que ainda não é possível determinar as causas.
“É cedo ainda para termos essa confirmação, mas, seja como for, tenha tido ele mão intencional, ou tenha esta ocorrência resultado de um comportamento negligente, recordo que ambas as situações são crime”, advertiu.
Em conferência de imprensa, o Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, disse que os bombeiros esperam conseguir dominar as chamas durante a madrugada de terça-feira.
"Com o conjunto de indicadores com que trabalhamos - número de efetivos, equipamento à disposição e os indicadores meteorológicos, nomeadamente o vento - contamos durante a madrugada dominar o incêndio", adiantou o responsável.
Luís Belo Costa acrescentou que "um pouco mais de 50% do perímetro" está dominado, dos quais 30% já está consolidado com "excelente trabalho das máquinas de rasto".
Para dar uma dimensão da grandeza de um fogo "muito grande", numa avaliação ainda muito preliminar, o responsável pelas ações de combate acrescentou que as chamas já terão consumido uma área muito próxima dos 15 mil hectares, correspondente a cerca de 60 quilómetros de perímetro.
As maiores preocupações centram-se no concelho de Oleiros, embora existam ainda "um ou outro ponto quente" nos concelhos de Proença-a-Nova e Castelo Branco.
Das 33 pessoas que foram retiradas das suas habitações no concelho de Oleiros, Luís Belo Costa disse que "o mais rápido possível" vão regressar a suas casas e que as povoações que ainda estão na linha de fogo não motivam preocupação.
Apesar de o levantamento dos estragos ainda não ter sido feito, o comandante Luís Belo Costa disse que há a registar alguns barracões ardidos e uma casa de segunda habitação afetada.
Às 21:00, o incêndio estava a ser combatido por 1.027 operacionais, apoiados por 343 veículos.
No combate às chames, ao longo do dia também chegaram a estar cerca de 16 meios aéreos.
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