A Índia, o terceiro maior emissor mundial de gases de efeito estufa, ratificou este domingo o acordo de Paris sobre alterações climáticas. Um grande passo para um acordo ambicioso, que pretende mudar o mundo e que entrará em vigor em menos de quatro anos.
Nova Deli apresentou hoje o documento na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, anunciou o ministro indiano do Meio Ambiente, Anil Madhav Dave, na sua conta do Twitter.
Com o objetivo de criar uma nova imagem do país, mais amiga do ambiente, o chefe do executivo nacionalista hindu Narendra Modi escolheu a data simbólica de 2 de outubro, aniversário do nascimento de Mahatma Gandhi, para ratificar o acordo da COP21.
Todo o processo ocorreu sem cerimónias, mas rapidamente foi elogiado um pouco por todo o mundo, sendo o presidente norte-americano Barak Obama o eco maior destes elogios com uma mensagem publicada na sua conta oficial no Twitter:
O acordo de Paris pretende limitar e controlar os níveis de emissão de dióxido de carbono a partir de 2020, com o objetivo de fazer com que a temperatura média global fique 2°C abaixo dos níveis pré-industriais.
Para que o acordo, anunciado em dezembro de 2015 em Paris, possa entrar em vigor deve ser ratificado por, pelo menos, 55 países que sejam responsáveis por 55% das emissões de gases de efeito estufa.
Com a Índia a ratificar o acordo - país responsável por 4,1% das emissões mundiais -, são agora 62 os países a participar neste acordo. Todos eles representam quase 52% das emissões totais de gases efeito estufa.
China e Estados Unidos, os dois países com um maior nível de emissões, contribuíram largamente para acelerar o processo ao assinarem o texto no início de setembro.
A União Europeia (UE), com 12% das emissões, irá assinar o acordo nos próximos dias.
Sim ao acordo, também ao carvão
Apesar das promessas seguirem uma linha de cuidado com o ambiente, a Índia depende em grande parte das suas centrais de carvão, que representam cerca de 60% de sua produção de eletricidade.
O gigante do sul da Ásia enfrenta agora um grande desafio: conjugar as exigências de seu crescimento sustentável (7,6% em 2015/2016) com o abandono, progressivo, do carvão e o investimento em energia solar.
Para melhorar a sua pegada ecológica, Nova Deli pretende fazer da energia solar a pedra angular de uma nova estratégia, fixando o ambicioso objetivo de levar sua produção solar até os 100 gigawatts em 2022, ou seja, mais de dez vezes sua capacidade atual.
Contudo, segundo suas projeções, o carvão continuará a ser a primeira fonte de energia da Índia.
No final de contas os especialistas reconhecem o compromisso do governo de Modi a favor das energias renováveis, mas declaram-no como insuficiente:
"[O governo de Modi] Ignora os problemas da contaminação do ar, da água, do solo. E sua atitude não é favorável com os militantes ecologistas", aqueles que o governo, no poder desde 2014, percebe como um obstáculo ao crescimento, explicou Gupta.
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