“Não se brinca com o Orçamento, embora a nossa prioridade sejam as pessoas. E a verdade é que teremos, por isso mesmo, de reavaliar em permanência as disfunções e os desequilíbrios que entretanto foram ocorrendo, seja futuramente no caso das pensões, onde não houve truques, mas apenas os maiores aumentos das últimas duas décadas, seja noutros casos, de despesas permanentes das nossas famílias, como é o caso, por exemplo, da fatura de eletricidade”, afirmou Carlos César.
O dirigente socialista discursava na Academia Socialista, uma iniciativa de formação e reflexão política para jovens, que hoje começou na Batalha e termina no domingo em Leiria.
Ao abordar o pacote de medidas anunciado esta semana pelo Governo, que totalizam 2.400 milhões de euros, que acrescem a mais 1.700 milhões de euros que já estão em execução, o dirigente do Partido Socialista realçou tratar-se de “respostas ousadas no contexto orçamental português”, notando, contudo, que “não inviabilizam reforços” que o executivo tenha, “obrigatoriamente, de proceder no futuro”.
“A verdade é que a tudo isso poderão ainda somar as medidas e os apoios que resultarão do Orçamento do Estado para 2023” e eventuais outros apoios excecionais no próximo ano, adiantou, assinalando que com a ponderação necessária salvaguardou-se “a trajetória de diminuição da dívida pública e o acautelamento de riscos de colapso” das finanças públicas nacionais.
Carlos César admitiu que, numa crise com esta dimensão, “nunca se consegue, por inteiro, e junto de todas as pessoas e dos agentes económicos, compensar todos esses efeitos”.
“Mas o Governo deu, claramente, sinal de procurar as maiores compensações possíveis”, frisou, reiterando a necessidade de convocar a “responsabilidade social, a contribuição e a ajuda das empresas que estão mais beneficiadas e que têm beneficiado com este processo inflacionário, porque isso é não só justo, como é necessário”.
Para o presidente do PS, é “importante que este sinal seja dado, não só pela arrecadação correspondente, mas pelo sinal político que isso deve representar num tempo de sacrifícios para a maioria esmagadora das empresas e dos portugueses”.
“Não é justo que, fora desse contexto, possam existir empresas que lucram, fabulosamente, com a desgraça e a insatisfação dos outros”, apontou.
Por outro lado, referiu que esta crise “não pode, nem deve ser palco para os vendedores de facilidades a salto, como é o caso do Bloco de Esquerda e do PCP, como é o caso do PSD de Montenegro, o qual, na verdade, quando estava no Governo e perante a crise de então, decretava o ‘aguenta, aguenta’”.
“O que eles nos podem ensinar hoje, nós já conhecemos do passado e isso não constitui um ensinamento útil”, referiu, apelidando o líder do PSD de caloiro que “ainda não estudou o que se está a passar”.
Segundo Carlos César, “ao contrário do PSD, que anunciou primeiro um pacotinho de medidas, que se apressou a somar depois, no final da semana passada, mais algumas para não ficar muito atrás do que foi sabendo o que o Governo iria aprovar”, o PS está “a fazer o que é necessário nesta fase e o que é possível fazer”.
“E esse mérito não pode, nem deve ser retirado, em nome da verdade, ao Partido Socialista e ao nosso Governo”, acrescentou.
Em agosto, Carlos César defendeu ser "necessário ir mais além”, quer no reforço dos apoios às famílias e empresas, quer com os “que lucram com a crise inflacionária”.
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