
A informação foi confirmada à Lusa por fontes europeias e as tarifas deverão começar a ser aplicadas a partir de 15 de abril, próxima terça-feira.
Só a Hungria votou contra a decisão entre os 27 Estados-membros.
Em comunicado, a Comissão Europeia disse que a proposta de impor tarifas aos EUA "obteve o apoio necessário dos Estados-membros" e que a decisão é apenas "uma resposta à decisão de março por parte dos Estados Unidos da América de impor tarifas às importações de aço e alumínio" europeus.
"A Comissão Europeia considera as tarifas injustificadas e prejudiciais, com consequências nefastas para os dois lados, assim como para a economia global", reiterou o executivo comunitário.
No comunicado divulgado pouco depois de ser conhecida a decisão, Bruxelas insiste na "preferência clara por uma solução negociada com os EUA, que seja equilibrada e com benefícios mútuos".
E deixou um alerta a Washington: "Estas contramedidas podem ser suspensas em qualquer momento, se houver um acordo com os EUA para uma solução justa e negociada."
A lista na íntegra de produtos ainda não foi divulgada pelo executivo de Ursula von der Leyen.
De acordo com a Comissão Europeia, as tarifas de 25% aplicadas às exportações dos EUA terão um valor de mais de 22 mil milhões de euros, de acordo com as importações feitas em 2024 para os países do bloco comunitário.
Mas no total o valor poderá ascender aos 26 mil milhões de euros, equiparando as consequências das tarifas que Washington aplicou aos 27 países do bloco comunitário.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou na segunda-feira que a UE quer negociar tarifas zero com os EUA para bens industriais, mas a Casa Branca, especificamente o Presidente norte-americano, Donald Trump, ainda não se pronunciou sobre o assunto.
A Comissão Europeia não exclui nada e, em simultâneo, também não deixa de fora qualquer cenário de apoio, mas vai reger-se pela cautela por enquanto, para avaliar as consequências possíveis destas tarifas, enquanto continua a negociar com Washington para tentar demover a administração do republicano Trump.
A decisão da Casa Branca de aplicar as tarifas ao bloco comunitário também acelerou a agenda da Comissão Europeia de procurar outros parceiros e de reforçar a esfera do comércio global para o bloco político-económico do qual Portugal faz parte.
A Comissão Europeia quer a União a olhar para os restantes 87% do comércio mundial. Por isso, Ursula von der Leyen reuniu-se na segunda-feira com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, e na terça-feira com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, para pedir uma resposta tarifária sensata à China.
A perspetiva de uma guerra comercial entre Washington e Pequim também está a preocupar o executivo comunitário, por causa das ramificações que esta contenda poderia ter no bloco comunitário e nas oportunidades para expandir o comércio a outros países e blocos.
Os EUA anunciaram na terça-feira tarifas de 104% às importações chinesas a partir de quarta-feira, cumprindo a ameaça de aumento das tarifas em 50 pontos percentuais.
Donald Trump anunciou na semana passada as suas novas taxas alfandegárias sobre os produtos chineses a partir de quarta-feira chegariam aos 54%, e ameaçou impor taxas em mais 50 pontos, caso a China retaliasse.
A China retaliou com uma taxa adicional de 50% sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84%, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Fontes europeias sustentaram, por exemplo, que um acordo com os países do Mercosul está a ser visto com menos ceticismo depois da decisão de Washington, ainda que alguns países continuem reticentes a este acordo. França e Irlanda estão entre os países que há alguns meses se opunham diametralmente ao acordo com o Mercosul.
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