O velório decorrerá entre as 17:00 e as 22:30 desta segunda-feira e entre as 10:00 e as 15:00 de terça-feira.

Entre as 15:00 e 16:00 de terça-feira, será celebrada uma missa de corpo presente, na Basílica da Estrela, estando a cerimónia de cremação no cemitério prevista para as 17:00, precisou António Muñoz, filho da atriz.

Marcelo Rebelo de Sousa, de visita este fim de semana a São Jorge, assinou ontem decreto do luto nacional por Eunice Muñoz.

"Tenho de assinar logo no aeroporto o decreto do luto nacional da Eunice Muñoz para entrar em vigor já amanhã [segunda-feira], embora só produza efeitos na terça-feira, dia do funeral”, afirmou o Presidente da República.

O chefe de Estado confirmou que vai às “cerimónias fúnebres todas” da atriz.

Sobre uma possível transladação do corpo para o Panteão Nacional, Marcelo Rebelo de Sousa disse não se querer “imiscuir numa decisão da Assembleia da República”.

“Eu pessoalmente não acho nada. Era uma maneira de intervir na competência da Assembleia. Tenho de ter muito cuidado nisso”, apontou.

Eunice Muñoz morreu no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos, no dia 15 de abril.

Nascida na Amareleja, no distrito de Beja, em 1928, completou em novembro 80 anos de carreira.

Várias personalidades, da cultura à política, reagiram já à morte da atriz, incluindo o Governo, que, através do Ministério da Cultura, anunciou que seria decretado luto nacional no dia do funeral da atriz.

“Uma luz”, “uma pessoa genial como há poucas no mundo”, como a definiu hoje o encenador João Mota, ou “sinónimo de teatro”, como afirmou o ator, dramaturgo e encenador Tiago Rodrigues na rede social Facebook, contam-se entre as inúmeras descrições feitas em reação à morte da atriz.

Eunice Muñoz nunca se imaginou fora do teatro, apesar de sempre se ter considerado “uma mulher como as outras, mãe de seis filhos, com netos e bisnetos". Gostava de ser lembrada assim, como uma “mulher simples”, embora não pudesse "deixar de ser atriz", disse à Lusa, em setembro de 2021.

A atriz estreou-se no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro de 1941, na peça "Vendaval", de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, que aí se encontrava sediada.

Filha e neta de atores de teatro e de artistas de circo, ao longo da carreira entrou em perto de duas centenas de peças, trabalhou com cerca de uma centena de companhias, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e, no cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.

Em abril do ano passado, foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.

Ao longo de 2021, contracenou com a neta Lídia Muñoz, na peça “A margem do tempo”, em diferentes palcos do país, numa digressão que culminou no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro, exatamente 80 anos após a sua estreia.

No final da sessão, a que assistiram o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, foi prestada uma homenagem à atriz.

“Este teatro foi a minha casa durante muito anos, fui feliz no palco, em tudo o que cá fiz”, afirmou então Eunice Muñoz.

“O teatro precisa de nós, de nós no palco e de vocês que recebem o melhor que temos para dar”, acrescentou, concluindo que, “apesar dos dias estranhos e difíceis, o belo continua a existir”.