Durante a apresentação das limitações, conclusões e recomendações do relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito, o deputado centrista disse que o documento "será enviado à Procuradoria-Geral da República".
O deputado salientou que a comissão parlamentar teve "acesso a inquéritos que correm termos neste momento", e que "o aprofundamento de algumas dessas matérias e outras poderão ter relevância criminal" que justificam o envio à PGR.
Neste sentido, o deputado saudou ainda o novo regime dos inquéritos parlamentares, que "permitiu muito mais acesso" a informação do que em outras comissões.
Durante a sua apresentação, João Almeida lamentou ainda não ter sido possível ouvir presencialmente o antigo vice-presidente da CGD António Maldonado Gonelha e a "impossibilidade total" de ouvir o antigo administrador do banco público Almerindo Marques.
Em termos de administração interna da Caixa, João Almeida referiu que "quando se introduziu o que se pretendia do ponto de vista da 'governance' [governança], [o objetivo] era controlar o controlo interno”, mas “o que se descobriu é que essa alteração […] era meramente formal".
O deputado do CDS-PP referiu ainda que a maioria das perdas do banco público "teve origem nos anos do mandato da administração liderada por Carlos Santos Ferreira", que incluía "Maldonado Gonelha, Armando Vara e Francisco Bandeira", mencionando que tinham "interferência direta" nos dossiês não sendo os mesmos responsáveis pelos respetivos pelouros.
Tal como patente nas conclusões, João Almeida referiu que o Banco de Portugal fez uma "supervisão formal durante a esmagadora maioria do tempo analisado", e que "o exercício de funções dos administradores [da CGD] e a segregação dos poderes passaram completamente ao lado da supervisão do Banco de Portugal".
"Aquilo que vimos várias vezes é que o Banco de Portugal olhava para os níveis de liquidez mas não olhou para o que se passava no BCP", disse João Almeida relativamente ao chamado 'assalto' ao banco privado, considerando que o supervisor apenas "escrevia cartas e respondia".
O deputado criticou ainda aquilo a que chamou de "sucessão de despachos" na supervisão: "Havia alguém que fazia a análise de determinada questão, e a partir daí o facto desse processo passar vários níveis não se traduzia numa reavaliação do que tinha sido avaliado".
Isto levou a que "o governador do Banco de Portugal dissesse que o pelouro da supervisão era do vice-governador, o vice-governador dissesse que era da respetiva direção, e os respetivos diretores dissessem que tinham feito fé nos técnicos que tinham feito a análise".
"Era muito fácil aos supervisionados lidar com uma supervisão que a determinado nível não subia o nível de exigência", uma vez que "o BdP ordenava que a Caixa corrigisse, a Caixa dizia que o critério não estava correto, o BdP respondia", mas depois "não acontecia nada".
(Artigo atualizado às 13:44)
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