O representante de Vieira considerou que a audição do seu constituinte “correu bem”, tendo tido início às 09:15, tendo feito um balanço “positivo” e afirmando que “respondeu a todas as questões, sem nenhuma exceção”, com o empresário a afirmar a sua inocência.
A promoção do Ministério Público (MP) quanto às medidas de coação terá início às 15:30, explicou Magalhães e Silva, que espera que a decisão final do juiz seja divulgada ainda hoje.
“Não gosto de antecipar convicções. Como em termos de decisão já vi de tudo, não gosto de cavalgar nenhuma convicção”, afirmou, entendendo que Vieira conseguiu defender-se das questões efetuadas pelo juiz Carlos Alexandre: “As explicações que Luís Filipe Vieira deu, do meu ponto de vista, ilibam-no integralmente”.
Em relação ao processo, Magalhães e Silva revelou ainda que “o que há relativamente às ‘offshores’ são transações imobiliárias sem nenhuma ponta de ilegalidade”.
Sobre a possibilidade de o juiz decretar prisão preventiva como medida de coação, o advogado expressou que irá discordar “obviamente” da decisão.
Enquanto a promoção do MP não tem início, o juiz autorizou Luís Filipe Vieira a estar com o filho, Tiago Vieira, outro dos arguidos no processo, contou também Magalhães e Silva.
“O senhor Luís Filipe Vieira não disse nada que pudesse minimamente prejudicar o filho, até porque não havia rigorosamente nada que pudesse dizer que prejudicasse o filho”, sublinhou.
Vieira e os outros três detidos no processo chegaram ao tribunal às 09:03, depois de pernoitarem pela terceira vez consecutiva nas instalações do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.
Luís Filipe Vieira, de 72 anos, foi a última das quatro pessoas detidas no âmbito da investigação ‘Cartão Vermelho’ a ser ouvida pelo juiz Carlos Alexandre, antes da aplicação das medidas de coação.
Na sexta-feira, o empresário José António dos Santos foi o primeiro a prestar declarações, durante a manhã, seguindo-se, da parte da tarde, os interrogatórios de Bruno Macedo e de Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira.
Também na sexta-feira, Luís Filipe Vieira comunicou a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica – nas quais foi substituído por Rui Costa -, por intermédio do seu advogado, à porta do TCIC.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), os quatro detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
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