"Foi uma mulher de combate que sempre procurou identificar-se e lutar por grandes causas sociais. Uma mulher destacada no direito laboral, particularmente os direitos laborais das mulheres, que na altura estavam sempre por baixo. Tinha uma particularidade: com o que a vida lhe trouxe, levarando a várias perdas familiares, foi uma mulher que reagiu. Foi capaz de guardar a sua dor e falar à juventude com apelo. Foi das coisas mais marcantes para mim. Estava ali uma mulher que sabia do que falava e sempre com respeito pelo adversário", começou por dizer o antigo líder do PCP.
"É uma precisão importante em termos históricos. Foi a principal obreira em disponibilizar o aborto, procurando sempre pontes, elaborando na tribuna, na assembleia. Ela procurava a causa das mulheres, no plano técnico, jurídico. As mulheres portugueses hoje perderam uma amiga, uma combatente", referiu Jerónimo de Sousa.
O antigo líder do PCP, recordou também o seu "espírito de ironia impressionante. Era uma mulher surpreendente. Quando deixasse de ser deputada da AR, queria intrepertar um trcho de uma peça de teatro. E fê-lo. Era uma mulher simples, de combate. É uma perda de grande valor para a democracia portuguesa", finalizou Jerónimo de Sousa.
Nascida em 26 de Abril de 1941, na freguesia de Pêga, concelho da Guarda, Maria Odete Santos era advogada, aderiu ao PCP em 1974 e foi deputada à Assembleia da República entre 1980 e 2007, tendo exercido também vários cargos a nível partidário e autárquico, em Setúbal.
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